THE DELAGOA BAY REVIEW

25/01/2010

Os 68 Parabéns de Eusébio

por ABM (Cascais, 25 de Janeiro de 2010)

O antigo jogador de futebol Eusébio completa hoje 68 anos de idade.

Aproveito assim para abordar brevemente esta figura do desporto português e moçambicano.

Ao contrário do clã BM, eu nunca liguei quase nada ao futebol, que em Moçambique antes da independência era uma total obsessão para muita gente. Fui a muitos jogos de futebol em Lourenço Marques, mas mais como castigo e para não causar distúrbios em casa aos fins de semana.

Olhando retrospectivamente, o futebol estabelecia uma das diferenças visíveis entre a África portuguesa e as colónias e ex-colónias inglesas, que rodeavam Moçambique, onde os desportos seguiam padrões raciais e culturais muito específicos. Na África do Sul, o futebol era, e ainda é, regra geral, um desporto predominantemente de e para os negros, enquanto que os brancos se cingiam quase exclusivamente ao râguebi e ao cricket e desprezavam o futebol como “desporto de preto”. Presumo que pouca gente então se apercebeu que o piropo também se dirigia aos portugueses, que aos olhos de muitos dos boers e dos sul-africanos brancos, eram uma raça “cafrealizada” – os kaffirs from the sea, como diziam alguns (touché).

Em Moçambique aquilo era mais um pagode, tudo ao molho e fé em Deus. Toda a gente ia e toda a gente vibrava com o futebol, independentemente das questões raciais, económicas e sociais que os analistas de hoje possam congeminar. Aos fins de semana muita gente ia ver o futebol e durante a semana falava-se do que tinha acontecido no fim de semana anterior. Os jogos eram transmitidos pelo rádio clube em simultâneo em português e em ronga. Nesse aspecto, fazia parte do ídílio africano de que falarei mais tarde e que pelos vistos se tornou desporto das classes literadas de hoje desafiar.

Se no esquema geral das coisas essa paixão partilhada entre brancos e negros na África portuguesa valia o que valia, ela existia e pelo menos baralhava um pouco as cartas em termos da dialéctica de então. Os portugueses do regime usavam-na para apontar credenciais não racistas ao mundo, enquanto que os restantes a desvalorizavam, apontando que praticamente não havia quaisquer moçambicanos negros em posições de poder e influência na nomenclatura nacional e colonial.

Mas, só para chatear – excepto no futebol.

Esta realidade foi a meu ver algo injusta em termos de verdadeiros talentos como Eusébio, Coluna e Hilário (por exemplo, mas há mais, como o Vicente, o Shéu, o Matateu, o Matine, o Abel) cujo valor deveria estar acima destas questões mas acabou, durante algum tempo, por ser questionado por temas que nada têm que ver com o facto de que eram atletas de invulgar talento.

As estrelas que Moçambique produziu foram muitas e brilharam. Outro dia ouvi um comentário que achei interessante e parcialmente correcto, não me lembro de quem, mas que dizia que a primeira “verdadeira” selecção de Moçambique foi a que Portugal levou ao Mundial de 1966 em Londres. Sem descurar os restantes jogadores, o talento moçambicano reunido naquela equipa era verdadeiramente excepcional.

E Eusébio, filho de um senhor branco e de uma senhora negra do Xipamanine (pois…) foi a estrela cadente desse conjunto de homens notáveis. Ao ponto de integrar, nas mentes do povão, com a tal de vidente Lúcia e a fadista Amália Rodrigues, uma espécie de santa trilogia do Portugal da segunda metade do salazarismo: Fátima, Fado e Futebol.

Ele era um deus em Moçambique quando eu era pequeno. Um dia, não sei bem por que razão, nos anos 60, ele visitou a casa onde os meus pais viviam na Polana. Não sei como, a palavra passou que ele estava lá, e em cinco minutos a casa estava rodeada de uma multidão a querer vê-lo e a pedir autógrafos. Diligente, eu passei o meu tempo a recolher livrinhos de autógrafos e levá-los ao Eusébio enquanto ele estava calmamente sentado a falar com o pai BM – e ia assinando os livrinhos.

Como um simbolo inescapável de Portugal, difícil foi, e tem sido, a reconciliação com o regime moçambicano, que, antes e depois da independência, nunca o viu como seu, e que nunca aceitou o portuguesismo de Eusébio – apesar de ele ser logicamente também tão moçambicano como qualquer outro, produto genuíno do Xipamanine e da Mafalala dos anos 50 do século passado.

Também não ajudou o facto de que, ao se nacionalizarem os bens imóveis em 1976, incluíram-se os investimentos que quer Coluna quer Eusébio tinham feito na sua terra. Na base da ideologia e de que não podiam abrir excepções, deixaram-nos mais pobres e mais ressabiados. Coluna, que regressou a Moçambique independente e refez lá a sua vida, ficou quase na miséria. Mas isso é história que dava panos para mangas.

Independentemente de todas essas questões, acho que a História já colocou Eusébio no seu lugar devido: o de ter ele sido um dos maiores talentos do futebol que o mundo jamais viu.

Um talento moçambicano.

E, também por isso, lhe dou hoje, e a nós também, os parabéns.

21 comentários »

  1. Náo é verdade que Mário Coluna tenha ficado “quase na miséria”. O “Monstro Sagrado” sempre viveu com meios suficientes [aquilo a que a retórica balofa chama “com dignidade”]. E para além de exercer tarefas profissionais de treinador foi depois Presidente da Federação de Futebol (da qual ainda é enquanto presidente honorário, julgo) e membro da FIFA. Durante alguns anos, por razões familiares, esteve em Portugal onde julgo que trabalhou no Benfica.

    Agora, o que não lhe aconteceu foi o ter ficado milionário. Como me disse ele o que a Juventus (ou um outro qualquer clube italiano, não posso afiançar) lhe oferecia no início dos anos 60 (quando o Benfica tinha uma equipa “interessante”) dava para comprar vários prédios na Av. de Roma [na altura o investimento imobiliário era o paradigma da segurança económica e a Av. de Roma o expoente das “avenidas novas” lisboetas]. A questão que levantas, para além das relações raciais no futebol em Moçambique – os clubes eram diferentes, a mescla “racial” idem – por ex. diz-se, para mal dos meus pecados, que o Sporting LM era o contrário do que tu afirmas aqui -, são mais gerais: os jogadores eram vítimas da “lei do passe”, ou seja quando assinavam um contrato periódico ficavam presos eternamente aos clubes sujeitos ao que eles lhes pagavam. Algo que durou até bem depois do 25 de Abril, e que quando acabou teve oposição (e depois até regressou julgo que por um ano) de grandes democratas – como por exemplo o “major” Valentim Loureiro, figura exponencial do partido de tantos governos e que defendia essa lei feudal até à exaustão. Com o beneplácito de tantos dos seus companheiros de estrada, denunciando assim as suas concepções de homem cidadão.

    Tenho para aí um engraçado (pelo menos para mim) texto, metido há uns anos: almoçava em Maputo com uns académicos brasileiros, daqueles marxistas empedernidos [daqueles que se lhes tivessem dado algum poder nos arrumavam num instante, diga-se sempre que é para não me dizeres preconceituoso]. A conversa passou ao futebol e logo eles começaram a combater o capitalismo a louvar o tempo do “amor à camisola”, quando os jogadores ficavam nos clubes durante a carreira, o Eusébio no Benfica ( anos a fio a ser infiltrado e a acabar, veterano e aleijado no União de Tomar) era exemplo e tudo. Fui deixando-os defender esse fascismo táo marxistta e acabei por lhes dizer – com que entáo defendem o feudo? são adversários da liberdade e dos trabalhadores? Perceberam que não estava a falar de futebol e foram-se embora, esgar à saída nem aperto de mão. Mais depressa se apanha um m-l do que um coxo, resmunguei eu.

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    Comentar por jpt — 26/01/2010 @ 9:11 am

  2. Quando daí saí , nem por isso há muito tempo, o Coluna tinha uma casa na Keneth Kaunda, ali mesmo a 200 metros de mim, em frente à casa do jamú e da da Judy Shane da USAID, já na esquina com a Kim Il Sung. Por isso, na miséria não estaria. Embora corressem rumores que a casa lhe teria sido ofertada por Samora Machel, em sinal de reconhecimento pelo prestígio que Coluna trouxe a Moçambique. Não sei se era verdade, mas que tinha a casa, tinha.

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    Comentar por espumante — 26/01/2010 @ 12:09 pm

  3. Leia-se Kenneth, em vez de Keneth e Jamú em vez de jamú. Com maiúscula, naturalmente.

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    Comentar por espumante — 26/01/2010 @ 12:11 pm

  4. Sim, e Eusébio também manteve pelo menos uma casa. Há algum exagero nos pormenores económicos avançados pelo ABM – e é por isso que aqui me ponho a falar dos bens alheios, que me é assunto um bocado tabu.

    Quanto à moçambicanidade dos jogadores – num célebre desempate por grandes penalidades entre Portugal e Inglaterra, tornado lendário por Ricardo (o melhor guarda-redes do mundo à altura, entenda-se: o mais sortudo, que não havia cruzamento que ele falhasse que desse em golo – até ao cruzamento alemão final, claro) defender sem luvas e marcar o último, Eusébio estava na linha lateral à beira da apoplexia (como nós todos, diga-se). O locutor moçambicano repetia à exaustão que ele era “moçambicano da Mafalala” – as identidades futebolísticas são muito mais transpolíticas do que o resto tudo, e não é o facto de ter sido símbolo futebolístico de Portugal que lhe retira apreço. ABM viu Eusébio em casa no tempo colonial – eu acompanhei-o na rua e restaurantes de Maputo: onde é constante e histrionicamente exaltado, um ídolo ainda.

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    Comentar por jpt — 26/01/2010 @ 12:28 pm

  5. JPT, Sr Espumante

    No assunto das casas, reporto-me a uma (longa) conversa que tive há anos com o Sr. Mário Coluna. E no caso do Eusébio, a uma longa entrevista que ele uma vez deu e em que mencionou o assunto. Eles tinham prédios em Maputo que foram nacionalizados. Ficaram sem o que tinham. Mais tarde o governo, por iniciativa creio que presidencial de Joaquim Chissano, deu-lhes (sujeito a confirmação) algum património, uma prerrogativa que já foi exercida muitas vezes e em muitos casos. No entretanto, não tinham nada. Espero ter-me feito entender.

    No assunto geral das nacionalizações que ocorreram em Moçambique, tomo a mesma posição que tomo em relação às nacionalizações ocorridas em Portugal em 1975: nunca se deve investir em países em que as regras de respeito pela propriedade privada possam ser postas em causa por imperativos de ordem ideológica.

    E, claro, a miséria é sempre relativa. No caso do Sr. Coluna, concordo que ele deveria ter comprado um prédio na Av. de Roma em vez de Maputo. Não teria tido os problemas que teve. Basta perguntar-lhe.

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    Comentar por ABM — 26/01/2010 @ 2:48 pm

  6. JPT

    O Eusébio, se me recordo, até vir para Portugal e para o Benfica, era jogador do Sporting de LM. Ele não era “branco”. Excepção à regra? creio, ainda, que o pai BM treinou a equipa de futebol do Sporting nos anos 60, e se conheço a sua estirpe, ele era notoriamente “color blind”. Se calhar também foi excepção. A busca do papão racista em todos os aspectos da vida da cidade é tão fácil como ilusória e no caso do Sporting não sou especialista, falo com mais no Desportivo, que frequentei. Acredito que havia reflexos da sociedade da cidade de então em geral, onde se concentrava se calhar 90 por cento da nova migração portuguesa (e logo, branca) para todo o país. Agora haver portagem à porta a dizer que pessoas da raça A ou B não entravam como política, isso é um pouco diferente. Especialmente no futebol. É a minha impressão pessoal, mas enfim.

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    Comentar por ABM — 26/01/2010 @ 2:58 pm

  7. Sobre os bens dos antigos jogadores espero estarmos entendidos – não me apetece muito estar aqui a discutir a vida económica de gente viva. Quis apenas registar que o Monstro Sagrado não ficou na miséria. E, já agora, enquadrar historicamente o resultado económico de tão geniais carreiras.

    Sobre os clubes – aquilo que sempre me disseram é que a sociedade laurentina estava muito centrada nos clubes e que tinham estratégias de inclusão (racial mas também social) diversa, e estavam ligados a grupos sociais (em particular oriundos de Portugal) diversos. O que sempre me disseram é que o Sporting LM era o mais exclusivista dos clubes sob o ponto de vista racial – ao qual o distinguem sempre de clubes como o Desportivo ou o Ferroviário: questão sobre a qual nunca indaguei pois fazia-me “espécie” tal prática no seio de uma então mui digna filial do grande SCP [e repara que o meu comentário raiou a violação do estatuto editorial do blog] e preferia assobiar para o lado. Face ao que aqui referes só posso expressar o meu alívio histórico.

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    Comentar por jpt — 26/01/2010 @ 3:18 pm

  8. JPT

    Ora um tema que aí os meninos da sociologia e psicopatoligia poderiam tentar fazer um trabalhinho interessante… o que acontecia nos clubes etc.

    O português é uma língua lixada. Repara que, ao frasear como fiz acima, no que respeita ao grau de “miséria” do grande (GRANDE) Sr. Coluna, usei o termo “quase” e dei a entender que foi algo localizado no tempo. Por quem ele foi e pelo que fez a meu ver Portugal e hoje Moçambique também, lhe devem tudo e mais alguma coisa, mas isso é a minha opinião pessoal. O Sr. Coluna tem também família e filhos e o património que ele tinha foi-se. Dir-me-ão muitos que ele se ponha na bicha. Mas eu acho que não. Este senhor, como o Eusébio, são legendas. O estarem ainda vivos significa que lhe devemos o respeito e a atenção que a meu ver eles merecem.

    Quanto ao Sporting de LM, e falo apenas por recordações comparativas de um puto que cresceu ali ao lado no Desportivo, tinha a particularidade de não ter um lado “social”. Nem sei se tinha bar e se tinha era coisa mixuruca. Eram bons no futebol, no básket (oh se eram) e tinham creio que o melhor judo de Moçambique. Mas de resto quase mais nada.

    Os outros clubes tinham muitos mais desportos e principalmente muitas escolas e a tal vida social dos clubes.

    Mais exclusivos eram o Clube Militar, o Clube Naval, o Clube Marítimo, o Grémio, a Associação dos Antigos Estudantes de Coimbra (onde hoje fica a 2ª residência presidencial, que foi feita a partir deste dois últimos) e o Clube de Pesca, onde inclusivé as jóias e as quotas custavam dinheiro a sério para a altura quer fosse “black” or “white” (bem, vê quanto custa hoje para se ser sócio do Clube Naval e compara com as quotas do Desportivo…).

    Por comparação, clubes como o Desportivo, o Ferroviário, o 1º de Maio, o Alto-Maé, o Malhangalene, a Associação dos Velhos Colonos e outros eram para os pelintras. Para não falar do grande e velho Nova Aliança (fundado nos anos 20) sediado no Xipamanine, e cuja equipa de futebol o pai BM treinou durante uns dois anos. A sede era uma delapidada casota de zinco que ainda existia em 2000.

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    Comentar por ABM — 26/01/2010 @ 3:58 pm

  9. Há coisas escritas, pouco mas há, sobre a estrutura futebolística laurentina nas últimas décadas coloniais. E num registo diferente posso recomendar o livro de Renato Caldeira, “Coluna o Monstro [Eternamente?] Sagrado”, [Edisport, 2003] (lamentavelmente a edição é fraca, nem sequer percebemos o título). En passant, porque a questão de que trata é a da vida do “Monstro”, relata as questões das opções futebolísticas, porque clube jogar, no início dos anos 50. Estão lá expressas as causas das opções em detrimento do Sporting, e não só por ser o clube da polícia. Ali a barreira de cor era maior do que nos outros clubes da Baixa, a segregação maior. E, então, início dos anos 50 para africanos (negros ou mulatos) só se fossem realmente atletas de excepção. Mais, também de passagem, refere a Associação de Futebol Africana e seus campeonatos – alguém que me venha em socorro, mas tenho ideia de que iniciada nos anos 30. Destinada aos não-brancos, e agregando clubes dos subúrbios, ao que parece.
    Enfim, tudo isto decerto melhor contado por quem conheça de viver ou ler. Mas ler tudo isto como se alguém (eu, por exemplo) andasse â procura do “papao racista” não me parece o caso – o que se passa é que as barreiras de cor foram sendo matizadas nessas décadas, a integração desportiva que nao era a regra nos anos 30 e 40 foi-se afirmando em LM. E também que os diferentes clubes a realizaram de forma diversa, por motivos que me escapam mas que deverão ter tido a ver com as suas componentes sociológicas. Nao vamos entrar aqui em polémica, sff. Mas toda a gente que conta a história de então, documentos ou pessoas, a narra mais ou menos da mesma forma – mesmo gente que ambos conhecemos.

    Depois, e desculparás a ironia, estás um bocado parecido com a Isabela Ferreira: o pai ABM era, ao invés do electricista da Matola, um gajo muito, muitisssimo especial. Dizem-me os que o conheceram pessoalmente ou de fama. E nem todos seriam não só como o electricista Ferreira nem como o senhor teu Pai. Nem o oito, nem o oitenta, diz o povo.

    Vá, vou para outros livros, abraço

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    Comentar por jpt — 26/01/2010 @ 4:31 pm

  10. JPT

    Não há polémica da minha parte. Há apenas e sempre a questão da verdade, em oposição ao comentário inconsequente de café. O que foi suscitado acima foi uma particularidade do Sporting Clube de LM que pode não resistir ao teste dos factos. E não estou comparando com o tal pai da tal senhora. Mas aconteceu e o pai BM não era um gajo qualquer dos subúrbios. Para além do seu trabalho (bolas, ele era polícia) ele treinou durante um ano a equipa principal do Sporting de LM, em 67 ou 68. E não estou a vê-lo numa reunião do clube a discutir jogadores e aparecer-lhe um dirigente a dizer “ah não, esse não porque é preto ou amarelo”. Havia de ser o dia. Já disse várias vezes que obviamente havia um racismo inerente a quase tudo o que havia e se fazia em Moçambique, e que isso teria que se acabar um dia. Como um dia terá que acabar o racismo em sentido contrário aí e em outras partes. O racismo em geral é uma merda. Apenas acho que neste caso se deitou o bebé fora com a água do banho, com custos terríveis. Para se curar o paciente quase que se o matou.

    Mas já passou e a vida continua.

    Eu sempre defendi que, em África, se um branco não gostar e não respeitar pessoas de pele negra, que, definitivamente, está no continente errado.

    E por fim umas palavras de ordem intoxicantes:

    Viva o Sporting
    Viva Eusébio (e parabens)
    Viva Coluna

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    Comentar por ABM — 26/01/2010 @ 4:58 pm

  11. 1 – Parabéns ao EUSÉBIO da Silva Ferreira, e que conte muitos anos com saúde, e alguma “mola”;

    2 – Relembrar, aproveitando a deixa, Costa Pereira e Néné; também Joaquim Santana, José águas, Jordão, Diniz, Alberto,…

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    Comentar por umBhalane — 26/01/2010 @ 5:12 pm

  12. Sr 1B

    Ben haja e grato. A minha ignorância sobre os factos do futebol é verdadeiramente atroz.

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    Comentar por ABM — 26/01/2010 @ 5:32 pm

  13. a historia dos clubes de LM não é apenas dos anos 60. Tu próprio avançaste em post anterior a necessidade de estudar estas coisas no decurso do tempo – é isso que é preciso fazer nesta questão. Apenas isso.
    viva o sporting

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    Comentar por jpt — 26/01/2010 @ 8:35 pm

  14. JPT

    Concordo. E como eu estou exilado na tugaland e tu não aconetece que, enquanto comprava hortaliças no Jumbo de Cascais, encontrei numa prateleira um livrinho confeccionado por um tal Ricardo Serrado chamado “O Jogo de Salazar – a política e o futebol no Estado Novo”. Que começou como uma licenciatura em história do jovem Ricardo. 228 páginas por 11.50 euros. Vamos lá a ver o que diz.

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    Comentar por ABM — 26/01/2010 @ 9:00 pm

  15. Caros,
    Aproveitando a deixa aqui mencionada mais acima, em que aqui se debatem temas sociologicos e outros (+- isto), uma coisa que gostaria que os ‘mais velhos’ comentassem:

    O Eusébio poderia jogar em qualquer clube do mundo, que seria sempre um fora-de-série, sem dúvida (nem era preciso ser Benfiquista, claro…).

    Mas o Mário Coluna, na minha modesta opinião, foi diferente, para melhor: foi capitão do Benfica, vários anos, e em plena ‘guerra colonial’. Do Benfica e da Selecção Nacional!! Isto, claro, para além de ser um jogador absolutamente fabuloso.

    Se ser capitão do Benfica à altura (penso que ainda é assim) era apenas ser o jogador com mais anos de clube, na selecção penso que seria diferente, pois creio que o Coluna não seria o jogador mais velho em termos de idade.

    Isto sim, era ser portador de uma personalidade forte, de pura liderança.

    E, sendo eu primo de um outro ‘razoável’ jogador do Benfica daquela época (Germano), ouvi histórias fabulosoas sobre as 2 pessoas aqui mencionadas:

    O Eusébio, já todos os outros estavam de duche tomado e saindo do estádio, no final de cada treino e ainda ele, com a ajuda de alguns miudos, treinava livres à baliza (os miudos iam arrastando a ‘barreira’ de um lado para o outro, que naquele tempo era bem mais pesada que as de hoje…).

    Quanto a Coluna, os mais novos, mesmo dentro de campo (Simões, o próprio Eusébio, e outros vários), quando lhe faziam sinal para passar a bola, lhe diziam ‘Sr. Coluna, aqui! passe, passe’. Isto dentro de um campo, onde os movimentos são quase instintivos, seria obra nos dias de hoje.

    Claro que imortal ficará para sempre a cena (as imagens passadas por várias vezes na televisão, embora só se vejam os 2 a falar por breves segundos) do Eusébio, no jogo da 2ª final Europeia do Benfica (porém a 1ª do Eusébio), depois de sofrer a falta que deu origem ao penaltie que ‘virou o jogo, o ‘Germano’ dos espanhois diz ao Eusébio, que calmamente se dirigia para a ‘marca dos 11 metros’, com a bola debaixo do braço: Vais falhar, ‘ó maricon’.

    O Eusébio, não tendo percebido o recado, foi perguntar, meio ofendido ao Coluna, o que queria dizer ‘maricon’.

    Pois bem, o Coluna, na sua calma característica e voz rouca, responde: ó miudo, marca lá isso e depois vai-lhe dizer ‘como vês marquei, ó cabron…’

    Bom, algumas pistas dos mais velhos para o Mário Coluna CAPITÃO do Benfica e da Selecção nacional, numa altura, para todos os efeitos, delicada?

    Saudações Mashambistas, só comentei agora pela 1ª vez, mas acompanho desde sempre o Blog, que gosto muito.

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    Comentar por Miguel A. — 26/01/2010 @ 9:19 pm

  16. Caramba, e já agora PARABÉNS à pantera negra, pois claro!!

    Ai o que seria hoje termos lá o Eusébio aí com uns 22 anitos… lol

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    Comentar por Miguel A. — 26/01/2010 @ 9:27 pm

  17. Sr Miguel A

    Benvindo seja e mande os seus comentários, todos os outros o fazem.

    A sua nota é fascinante e interessante. A relação entre Coluna e Eusébio na altura era digna de destaque. A história do maricon preciosa.

    Como sei pouco mais que nada, só espero que outros maschambianos mais versados na matéria dêm uma achega

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    Comentar por ABM — 26/01/2010 @ 9:41 pm

  18. O Monstro Sagrado é um manancial de histórias, algumas das quais tenho tido o prazer de ouvir. Perdoar-me-ás a vaidade mas – e neste caso a expressão perde o tom folclórico e assume a sua grandeza – “faz o favor de ser meu amigo”, e é um grande contador de histórias do passado.
    O que Miguel A. [bem-vindo ao comentarismo aqui] refere é realmente notável – Coluna sendo mulato foi feito capitão do Benfica e da própria selecção. Claro que podemos dizer que então simbolizava o “Portugal de Minho a Timor”, que era uma acção política que impregnava esta escolha. Mas por mais que isso “desse jeito” terá que ser realçado o inusitado da situação que se deveu à espantosa personalidade do (grande) jogador.

    Quanto ao livro – hás-de dizer depois de tua justiça. Há alguns anos saíram très ou quatro excelentes livros de análise histórico-sociológica sobre futebol em Portugal. Muito bons mesmos. Um era “Uma cidade de Futebol”, da Assírio e Alvim, um outro na Afrontamento sobre o jornal A Bola, acho. Enfim, teria que ir para as estantes para mais informações e não te quero pesar na bolsa

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    Comentar por jpt — 26/01/2010 @ 10:52 pm

  19. “que se deveu à espantosa personalidade do (grande) jogador.”

    E o resto é música…ou futebol + sociologia/psicologia?

    Tanto no Benfica, como na selecção, precisava-se um líder, não?

    Pois é, já estou a vislumbrar os “facas-longas”, no “comité”, a escarnear:

    – Foi Capitão porque é Mestiço, e o regime bla-bla-bla…

    Se não tivesse sido, era pelo simples facto de ser mais escurinho, claro, porque se fosse branco “erava” ele mesmo, o Grande Capitão.

    Deixa-andar, mesmo.

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    Comentar por umBhalane — 27/01/2010 @ 10:17 am

  20. Sr 1B

    Pois, realmente….

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    Comentar por ABM — 27/01/2010 @ 12:39 pm

  21. Grato pelos convites; passarei a participar mais vezes, obrigado pelos convites.

    O Coluna chega ao Benfica a meio da década de 50, e anda por lá um anito a rodar, até que pega de estaca.

    O que acho fabuloso, e o meu primo Germano não era mais novo que o Coluna, era o respeito que este impôs desde o 1º dia.

    ´Gerir´ o salário do Eusébio quando este chegou ao Benfica, por ser menor, seria até natural e, sendo os 2 naturais de Moçambique e mestiços (sem conotações negativas, ok?), era natural, pois eram os 2 até da mesma zona de Moçambique (Mafalala, certo).

    (Só deixou de ser assim quando o Eusébio se casou; até aí, recebia uma mesada para umas imperiais e bailaricos, nada mais).

    Mas o respeito que osoutros ‘brancos’ lhe tinham, naquela altura, isso sim.

    Não estão a ver um jogador também ele muito jeitosinho à epoca (Simões, entre outros), a pedir -Sr Coluna passe, passe e a só tratá-lo por tu quando ambos já estavam a bater nos 30’s…

    Ah, e a jogar futebol, enfim, era um tratado absoluto…

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    Comentar por Miguel A. — 27/01/2010 @ 9:11 pm


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