THE DELAGOA BAY REVIEW

16/02/2010

VAMOS LÁ SER TUGAS À FORÇA

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por ABM (Cascais, 16 de Fevereiro de 2010)

Gostava de explicar aos exmos leitores que geralmente não gosto de ouvir música no rádio. Tirando as estações de música clássica, desde sempre. Tolero o ocasional devaneio musical mas muito pouco, O que gosto de ouvir na rádio é gente a falar: jornalistas, entrevistados, comentadores, escritores, pessoas que telefonam, debates, etc.

Nos Estados Unidos existe um formato de estação de rádio para isto: chama-se talk radio. Dão notícias, entrevistas, programas em que as pessoas telefonam, programa da manhã com notícias e anedotas para quem está a ir no carro para o emprego, a mesma coisa quando estão a regressar a casa, programas para depois do jantar, conversas a meio da noite. Hoje pouca gente sabe que o Sr. Larry King, que mundialmente é conhecido por fazer entrevistas de meia hora ou uma hora na CNN, tornou-se conhecido nos EUA porque durante anos e anos e anos ele fazia todas as noites da semana, com repetição do melhor programa no sábado à noite, numa cadeia de estações chamada Mutual Broadcasting Network, da meia noite e seis minutos até às cinco da manhã um programa ao vivo. Eram magníficos e muito, muito maus, para o meu sono. Só anos mais tarde é que ele passou para a televisão com a CNN.

Em Portugal, só a estação TSF se aproxima vagamente desse formato (e por isso a escuto mais que as outras todas juntas) e mesmo assim, tirando raras excepções, não é uma estação de talk radio. Nem sequer de notícias é: quando houve um tremor de terra de 6.0 na escala Richter há umas semanas no continente português, eles continuaram a transmitir música gravada como se nada se tivesse passado até ao cimo da hora, quase meia hora depois do safanão. E quando dão notícias, repetem a mesma lenga-lenga ad aeternum, que deve ser para os que tinham os ouvidos entupidos há cinco minutos atrás. As entrevistas são pouquíssimas para o que podiam fazer e demasiado curtas.

Mas o que me irrita mais é que passam música. E com que critérios não sei. Tanto se lhes dá para uma balada dum roqueiro qualquer, como uma salsada moderna que eu não conheço e que, sinceramente, pagaria para não ouvir. Quando começa aquela mistórdia musical sem eira nem beira, tenho o problema adicional que é que o meu velho e delapidado carro tem um rádio que não muda de estação facilmente. Tenho que andar aos murros nos teclados até me aparecer outra estação, e em geral as escolhas são de fugir. Outro dia apanhei umas beatas a rezar o terço vez após vez na Rádio Renascença.

O que me surpreende (e já volto à música). Qualquer vertebrado pensante já se deve ter apercebido do que aconteceu ao mundo nos últimos dez anos. Toda a gente praticamente tem acesso quase gratuito exactamente, precisamente, aos tipos de música que gosta de ouvir. Poder gravá-la via computador ou por uma variedade de meios, e estar uma vida a ouvir Amália, o Frank, o Puccini ou lá o que quiserem é uma banalidade da vida actual. As audiências fragmentaram-se e portanto quem continua a apostar em programação generalista está a dar – na minha humilde opinião – tiros para o ar.  A vantagem de uma talk radio é que é barata, tragável se bem gerida e eu acho que muita gente havia de gostar de ouvir programas interessantes.

E note-se – surpresa – é em português. Feita por portugueses. Como este blogue.

Claro que há uma coisa que em Portugal não funcionaria – e eu suspeito que é por isso que verdadeiramente não há talk radio em Portugal. É que para se ter bom talk radio tem que haver lá gente com cor e com cabeça. E em Portugal regra geral quem tem cor não tem cabeça, e quem tem cabeça não tem cor (nenhuma). É qualquer coisa étnico-cultural daqui. E  em Portugal quase todos vivem para pretender que têm cabeça, mesmo que não tenham. Por exemplo, nunca vi país na terra com mais carros pretos, cinzentos escuros e azuis escuros como este.  Se se for a um centro comercial num domingo numa tarde de inverno, presume-se que todos vieram de um funeral, quer pela cor sorumbática da roupa, quer pela atitude sério-sorumbática das multidões. O português não consegue rir para quem não conhece à sua volta. Deve ter medo que lhe levem os dentes.

Pior ainda, nenhum meio de comunicação social em Portugal regra geral aposta em “personalidades” – a não ser que sejam cómicos gays (na base de que é impossível serem levados a sério) pois que essas são para matar na primeira oportunidade.

A verdade é que, para se ser personalidade, um requisito básico é que tem que se a ter. E tê-la, neste país, significa que, mais cedo ou mais tarde, tem que se dizer esta ou aquela verdadinha que vai infalivelmente seriously piss off o sôr ministro ou o rei da batata frita, que telefona ao patrão da estação a insultar o gajo ou então, como agora está na moda, telefona a uma qualquer holding chamada  Going On, que compra a estação (como faz o patego estúpido do anúncio do Euromilhões) e mete lá um mentecapto a fazer relatos de touradas. Como os portugueses individualmente são seres humanos sublimes mas no agregado são um fenómeno keynesiano de estupidez colectiva induzida exponencial, comem, comem e calam.

Aliás, regra geral o consumidor e o cidadão aqui quase sempre come e cala. Com tudo. Os professores são incompetentes? come e cala. O supermercado vende batatas que apodrecem em dois dias? nimguém vai andar de carro 20 minutos em bichas até ao supermercado fazer o gerente comer as batatas que vendeu. O médico não parece saber o que faz? paga-se e não se bufa. O défice este ano vai estoirar? para o ano há-de ser melhor, alguém que resolva. O vizinho do lado não paga as cotas do condomínio há três anos e comprou um carro novo há dois meses? não esquecer de fazer sempre aquele estranho (e unicamente português) cumprimento simpático mudo à saída no corredor a dizer “olá!” mas que na realidade significa “ó meu grandessíssimo filho da puta como estás tu?”

Por tudo isso, frequentemente sinto que, como os meus concidadãos, o colectivo português vive um quotidiano de entrelinhas acinzentadas, sempre resguardado, sempre à espera da próxima catanada, da próxima sacanice, ou da próxima oportunidade de obter algo em troca de nada, sendo a base da felicidade quando não se leva com ela mais vezes do que é normal, ou quando se constata que os outros (e os outros são todos os outros menos os “amigos”) estão pior que nós. Sendo que o normal é levar com as desgraças em cima. Aí, tem-se pena.

Ah, adoro estas generalizações. É tudo mentira, não é? ok.

E nesta questão da desgraça, o país tornou-se num esquema de pirâmide: a sujeira estes dias democratizou-se, vai do mais baixo ao mais alto nível da sociedade.

Voltando ao rádio, o tema que gostava de fechar aqui. De há uns meses para cá, nas vezes quando me deu para escutar a tal de TSF, comecei a reparar em três coisas.

A primeira, foi que começaram a passar música portuguesa com uma frequência suspeita. Ao princípio pensei que se tinham enganado, que tinham posto a senhora da limpeza a tomar conta da estação, ou que tinham ficado estúpidos e não tinham reparado no ecletismo das suas audiências. Em Alcoentre toda a gente sabe que o que vende é música pimba, fados e a as canções da Ágata a chorar o milésimo desgosto de amor sobre o homem da vida dela que (para variar) se pirou pela vigésima vez com a empregada ucraniana. Em Cascais e Lisboa já não é bem assim. Ainda por cima, as músicas que tocam, que são medíocres quase sem excepção, são de gente que não conheço, cujo estilo não gosto e cujas mensagens nada me dizem.

A segunda coisa que reparei, e que me deixou ainda mais apreensivo, foi que, mesmo quando mudava de estação, acontecia o mesmo, ou seja, levava com uma espécie de música pimba de vanguarda, e habitualmente a mesma que estava a dar na TSF.

A terceira, e de longe a mais desconcertante, foi quando me apercebi que, juntamente com a música pimba de vanguarda portuguesa, começaram a juntar-lhe a mesma gente, mas desta vez ou a tocar em ou em inglês, ou ainda mais surpreendemente, começaram a passar músicas americanas e inglesas, tocadas em inglês, mas por portugueses (!).

Não sei como explicar ao exmo leitor o que é ouvir o these boots are made for walking (a grande canção de Nancy Sinatra, sff de ver em cima) cantados vinte vezes na TSF, pela actriz Maria de Medeiros, irmã da agora deputada socialista residente em Paris e que vem a Lisboa de vez em quando receber o taco e atender as sessões do parlamento. Ou as baladas britânicas do jovem David Fonseca, simpático e esforçado mas para mim uma versão cultural do que é o milho transgénico para a alimentação.

Pois só a noite passada é que esclareci este mistério. Afinal eu não estava a alucinar. É que os poderes constituídos aqui do burgo, em 2006, passaram uma lei qualquer a obrigar as estações de rádio portuguesa a passar 25 a 40 por cento da música que vai para o ar por….. leia-se (decalco de uma peça da RTP):

A lei da Rádio determina que as rádios estão sujeitas ao cumprimento de quotas no que respeita à programação de música portuguesa, que uma portaria de Abril de 2007 fixou em 25 por cento.

O cálculo das percentagens é apurado mensalmente e tem como base o número de composições difundidas por serviço de programas no mês anterior.

A lei estabelece ainda que 60% da emissão de música nacional deve ser preenchida por música composta ou interpretada em língua portuguesa por cidadãos dos Estados membros da União Europeia.

A lei prevê o pagamento de coimas entre os 3 e os 15 mil euros para as estações locais e entre 30 e 50 mil euros nas estações nacionais.

Quando eu vivia fora de Portugal, achava alguma piada e respeitava o facto de que as estações que emitiam para as comunidades portuguesas, quase só passavam fados, música pimba e aqueles clássicos do tempo da Maria Cachucha. Pois era aquilo ou o vasto mar estrangeiro que nos rodeava. Agora, que se tenha importado o costume e que se tenha dele feito lei em Portugal é que foi novidade. Ou seja, em vez dos artistas daqui competirem honestamente pelo privilégio de me tentarem impingir a sua arte, o governo da república socialista portuguesa espeta-nos como uma espécie de IVA cultural em cima e somos obrigados a comer o que nos servem.

Mas como gente como eu não aguenta aquilo, e usando as regras impostas, inventou a música estrangeira, cantada em língua inglesa, por portugueses.

Já não bastava a porcaria do acordo ortográfico e os subsídios aos famosos filmes nacionais que rigorosamente ninguém vê. Esta liberdade socratiana está-se a revelar um verdadeiro assombro cultural.

Felizmente, há a minha teimosia em fazer o que me apetece e a tecnologia. Imitei o que qualquer teenager português hoje faz sem sequer pensar. Por cinco euros e 99 cêntimos, recentemente comprei uma espécie duma cassete com um fiozinho, que liga o meu velho rádio a um aparelhinho que cá se chama um MP3 (mas que na realidade é um MP4), onde gravei na internet não sei quantos gigabytes de: Sinatra, Nat King Cole, Chico Buarque, Óscar Peterson, Walter Wonderley, The Beatles, Mozart, etc etc etc. Até lá tenho o Poker Face da Lady Gágá.

E agora, quando acabam as notícias da TSF no meu carro, a programação passou a ser a minha. Em casa, pela internet e o computador, oiço a LM Radio a partir de Maputo.

Isto antes que eu comece a ouvir a Maria de Medeiros a arranhar o My Way do Frank numa estação portuguesa.

Bie, bie, TSF.

21 comentários »

  1. 2 notas: a actriz que aderiu ao esforço do PS de Socrates para ir buscar votos nas franjas juvenil-urbanas pró-BE foi Inês de Medeiros e não a sua irmã Maria de Medeiros. É ela a deputada. (já agora, Maria de Medeiros aqui veio cantar em 2009, a Maputo, para seu rídiculo ao que constou)

    A lei das quotas de música portuguesa na rádio julgo que não é recente, é uma velha querela da corporação portuguesa da música gravada, donde a imputação a Socrates é (desta vez, desta única vez) injustificada.

    Para matizar o teu desagrado pela colocação de música (original ou formato cover) portuguesa nas estações de rádio quero apenas referir que muitas delas optam pelo modelo playlist, ou seja abdicam da selecção musical passando o que convém à indústria (moribunda, se não mesmo cadaversca já) musical. E, para além dos embrulhos, o pimbismo é o mesmo. Que nisto não vai discordância, apenas uma adenda.

    Abraço, Marcus Tullius

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    Comentar por jpt — 16/02/2010 @ 8:58 am

  2. JPT

    Acordado e munido de dose industrial de café, revi o texto e distingui os dotes das irmãs Medeiros, obrigado.

    Repara que a tal lei foi aprovada já em pleno consulado socratiano, mas mais importantes, foram as multas impostas, que são muito mais recentes e são já dos boys. Portanto eu não desassocio este episódio da era (e a ver vamos onde isto vai acabar). “Música feita por cidadãos da União Europeia….?”

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    Comentar por ABM — 16/02/2010 @ 6:10 pm

  3. Afinal, nem desta o socratismo se escapa? Mas a discussáo sobre as quotas de música portuguesa na rádio é tão antiga que eu julguei já ter sido regulamentada anteriormente

    (eu não ouço rádio – ouvia, pouco no rádio do carro, mas há para aí 6 ou 7 anos assaltaram-me o carro e estragaram-me o rádio tentando tirá-lo. Pedi ao mecânico para o tirar e nunca o substituí. Aí em Lisboa quando de carro alugado procuro sintonizar o antena 2 – quando a cagança e o sotaque auto-elevatório dos comentadores emasculados se torna insuportável fujo para as estações onde ninguém fala – contrariamente a ti odeio palradores de rádio, sempre (e isto é um dogma) imbecis.

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    Comentar por jpt — 16/02/2010 @ 6:40 pm

  4. Ahhh entao e’ por isso que agora passam tanta musica portuguesa (e ma na generalidade) na radio? Eu tambem notei isso recentemente, desde que voltei a morar ca no burgo e, claro, tal como o ABM limito-me ao meu iPod, que passa o que eu gosto. Embora, ao contrario do ABM, eu tenha realmente adquirido as musicas que la tenho. Confesso que nem as noticias ouco, dai nao saber frequentemente o que por ca se passa… Moro ca’, mas continuo a viver alhures… 🙂

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    Comentar por AL — 16/02/2010 @ 9:52 pm

  5. Eu discordo. Acho que as qutas e musicas sao muito importantes para cnserar alguma parte da cultura portuguesa, senao e certo e sabido ue a radio e varrida pela musica anglo-saxonica.
    Quanto a falta de qualidade mais uma vez julgo quese falha o alvo. O problema nao e falta de legislacao (aka Estado) e, isso sim, falta dele. Falta em Portugal um equivalente a BBC, financiada de fora adequada peos contribuintes e sujeita a apertado controlo de conteudos e de qualidade por parte do publico. O Reino Unido tambem tem os seus tabloides e a sua trampa de media, mas ao menos sao marginalizados por uma BBC forte e os outros, os querem competir com a BBC em termos de conteudos de qualidade tem um benchmark de qualidade elevado, ditado,nao me canso de repetir, por iniciativa publica.

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    Comentar por Lowlander — 17/02/2010 @ 12:17 pm

  6. Peco desculpa pelas gralhas mas o teclado esta a falhar e a comer letras.
    Teclado HP – mais uma maravilhosa criacao dos empreendedores privados…

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    Comentar por Lowlander — 17/02/2010 @ 12:19 pm

    • eu estou de acordo, acho que devia haver teclados financiados pelo Estado. Ou melhor, pela Corôa, aka John Bull

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      Comentar por jpt — 17/02/2010 @ 1:10 pm

  7. Excelente ponto Lowlander, mas mesmo assim continuo a encolher-me com a imposicao de quotas para musica portuguesa (ou qualquer outra). Mas de , que eu saiba, nao ha imposicao na Inglaterra para as radios independentes serem obrigadas a passar este ou aquele tipo de musica, como aqui parece suceder. Dantes havia a Emissora Nacional de ma memoria. E agora temos a RDP com a qualidade que conhecemos. Nao me parece, a mim, que a bitola da RDP esteja ao nivel da da BBC… Mas enfim, que a RDP tenha que passar x por cento de musica portuguesa, enfim, ainda aceito. Mas, apesar de tudo, ainda temos radios independentes de alguma qualidade aqui em Portugal. Porque impor-lhes entao quotas de musica que provavelmente pouco diz aos seus ouvintes? Nao fara isto perigar-lhes as audiencias e, assim, a propria existencia? Sera que e’ mais facil impor quotas aos outros do que subir a qualidade de programas da RDP? E ja agora, porque nao obrigar as radios independentes a usarem x por cento da sua programacao em noticias e programas de opiniao? E depois, ja que estamos nisso, porque nao impor o tipo de noticias que elas devem dar? E ja agora….

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    Comentar por AL — 17/02/2010 @ 1:28 pm

  8. Consenso enfim em torno de uma mui pertinente problematica que ha muito carecia devida atencao, ‘bora la fazer uma manifestacao em frente a assembleia, tambem quero provar essa recem celebrada iguaria que sao as sandes de peixe espada. 🙂

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    Comentar por Lowlander — 17/02/2010 @ 1:43 pm

  9. Falando mais a serio car JRF, digamos que a qualidade dos teclados nao e propriamente um problema que afecta de sobremaneira a sociedade e portanto podemos deixar a sua resolucao a merce dos sacrossantos mercados.
    A qualidade dos media no entanto e importante para a sociedade porque sao eles que veiculam informacao, enformam o debate politico e publico e tambem influenciam os habitos culturais, tentar mercantilizar tais funcoes com ingenuos reptos a “liberdade de escolha” e uma de uma inquietante indigencia intelectual arrisco qualificar.

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    Comentar por Lowlander — 17/02/2010 @ 2:13 pm

  10. Cara AL:

    As radios nao sao obrigadas no REINO UNIDO (Inglaterra e uma regiao) a ter quotas porque nao precisam, a hegemonia cultural anglo-saxonica nao e obvamente um problema para os anglo-saxonicos…
    No entanto iso nao implica que os conteudos nao sejam sujeitos a escrutinio, a publicidade por exemplo passa sempre por uma comissao de censura previa a difusao e sempre sujeita a censura pos-difusao se houver muitas queixas do publico A BBC encarrega-se de fornecer conteudos varidos atraves de varia estacoes que sao tematicas e orientadas para publcos diferentes, a Escocia e Gales ha estacoes que transmitem exclusivamente e gaelico e celtico.

    Portanto, na radio, a influencia estatal nos conteudos privados e indirecta, principalmente atraves da BBC. E de qualquer das formas, boa parte dos problemas de preservar a cultura local nao se poem.

    Mas por exemplo se vier para certas regioes da Escocia onde ha uma importante comunidade falante de gaelico ou em todo o Pais de Gales onde se fala Gales (ou sera Celta? um suedaneo de Celta pelo menos sera…), entao vera que por exemplo a sinaletica e toda bilingue, isto nao e um milagre economico do mao invisivel e sim a mao bem visivel da legislacao.

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    Comentar por Lowlander — 17/02/2010 @ 2:26 pm

  11. Ó LL a boa da AL até viveu anos a fio nessa pérfida Albion, a gente sabe bem isso das partes do tal reino, e V. também sabe que coloquialmente chamamos inglaterra ás ditas e horríveis ilhas – onde consta que se come muito pior do que as sempre louváveis sandes de filete. Coloquialmente e não só, que o epíteto “inglaterra” é um resumo que corresponde a séculos de dominação, política económica e linguística (como V. recorda) – sobre o assunto há sempre uns filmes porreiros (o Mel Gibson desgrenhado e aos urros, o Connery a carregar no sotaque como presumo que mais ninguém que tenha saído da aldeia e, claro, a selecção nacional de râguebi do País de Gales que faz mais por tudo isso do que as sinaléticas todas unidas). A gente até julga saber que reinventaram o irlandês para poderem dizer-se nação.

    Enfim, e para além disso tudo, eu absoluto eu não nego a importÂncia da interferência do Estado nos assuntos culturais (começa logo em Portugal por termos uma RTP que nos custa não sei quantos aeroportos novos ou até mesmo, e aqui não seguro dos montantes, o TGV Porto-Viseu- Bragança, questão fundamental para o nosso desenvolvimento, como bem sabemos, que é para os jovens de Mirandela poderem ir-se bronzear de comboio às praias de Matosinhos). Cá para mim, entre a RTP e as escolas públicas (que também influenciam a cultura local), já para não falar daquela língua oficial mirandesa, invenção guterrista multicultural (e assim se retirou uma fantástica causa fracturante aos adeptos do neo-estalino-maoísmo em versão Ana Drago), sáo prova provada que aceitamos as quotas partes estatais na cultura portuguesa.

    Eu lá acima, antes da questão dos teclados, aflorei um pequeno dado – a questão radiofónica musical é que os profissionais da rádio são umas prostitutas ordinárias (e vai daqui sem palavrão que é para não se pensar que eu estou a insultar, pois estou mesmo a descrever a profissão) que vendem os genitais a troco de playlists. Para mim a “cultura” portuguesa defende-se mais com um bimbalhada do Art Sullivan (que não é do seu tempo) do que uma bimbalhada chic da Maria de Medeiros em cover que se quer erudito-moderna (que refiro por surgir no post)

    Por mais siimpático que seja em termos de política de emprego as quotas radiofónicas terão muito mais a ver com isso do que com a “cultura” portuguesa (a nao ser que se entenda esta num sentido muito amplo). Deve o Estado ser proteccionista no assunto “indústria musical” portuguesa? Não me oponho. Mas, e já agora, que tal sê-lo também no assunto “sapatos” “têxteis” [“teclados de computador”, com efeito] e todos os etcs.

    Õu seja, deixemo-nos de sandes de escabeche requentadas, são as práticas profissionais do mundo da rádio que interessam, não exactamente o conta-gotas do que é que tocam ou não.

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    Comentar por jpt — 17/02/2010 @ 3:31 pm

  12. Mas para que não diga que daqui vai menosprezo pela cultura portuguesa deixo um ensaio crítico assente nesta: diz o provérbio (que é mostra da milenar e sapientíssima cultura popular, sede da alma nacional): “sol na eira, chuva no nabal”. Ou seja, ter uma legislação proteccionista quanto a música radiodifundida (direitos autorais directos e indirectos – por indução de vendas; publicidade para espectáculos) e deixar que o Benfica jogue com 11 estrangeiros ]e tudo resto que isso acompanha] é nada. Nada mesmo!

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    Comentar por jpt — 17/02/2010 @ 3:41 pm

  13. JPT (desculpas pelo lpso de ha pouco),

    Voce sabe, eu sei, nos sabemos.
    Coloquialismo e um palavra linda e multissilabica acima de tudo, me parece, uma bem boa forma de racionalizar preguica ou imprecisao chamemos-lhe assim, no uso de temos. Quer dizer, o JPT partilhou connosco o seu desgosto por colega(s) se referir(em) ao casamento como um contrato entre individuos apontando a armadilha que tal terminologia encerra mas isto aqui e coloquial… OK.
    Eu respondo apenas que tambem e um coloquialismo, que corresponde a uma hegemonia na populacao imigrante, os nativos quando ouvem o meu sotaque assumirem que sou espanhol (recentemente passaram a assumir que sou polaco), alias, ate espanhois ja por ca apanhei, que apos ouvirem o meu sotaque responderam em castelhano. Nao e por ser coloquial que fica menos incorrecto, nem, em alguns casos, ofensivo.

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    Comentar por Lowlander — 17/02/2010 @ 5:08 pm

    • LL estamos a apanhá-lo num dia de má-disposição, e pronto, ele “há-os”. Sem me alongar muito, porque não me parece dramático: a) V. é veterano aqui, saberá da minha alergia a que polvilhem os comentários com maíusculas, é falar alto; b) sabe tão bem como eu, e nem duvido disso, que uma coisa é discutir conceitos, práticas e as nossas teorias sobre isso, ainda para mais entre profissionais do assunto, outra é num comentário de blog (onde as coisas são sempre escritas com muito menos cuidado – ver por exemplo como V. me troca o nome sem que eu o entenda como uma desvalorização) dizer, coloquialmente como tantas vezes os portugueses o dizem “Inglaterra” em vez de “Reino Unido” – que os portugueses nunca utilizam – ou Grã-Bretanha, termo que raramente dizem. Não aceita isso, considera significante a troca de termos, julga necessário frisá-lo maísculando? Olhe, repito, é do dia.

      Quanto ao resto, ao verdadeiramente significante – defender o “proteccionismo”, as “pautas” num assunto como este e não ter uma perspectiva similar sobre um conjunto alargado de “futebóis” é uma mera pantomina. Desculpe lá a franqueza, mas não há outra palavra. No actual enquadramento político, económico mas acima de tudo intelectual esta lei, e sua defesa, é o grau mínimo do pensamento (ou seja, neste caso, o grau máximo da incoerÊncia). Não vai daqui, e repito, nenhum apreço pelo “livre trânsito” fundamentalista, apenas uma enorme falta de paciÊncia para o folclorismo intelectual vigente no meu país, de que esta tralha corporativa é exemplo máximo (e derivada, creia, não de um apreço governamental-legislativo pelos acordes lusos mas sim pelo peso mediático dos seus agentes e do número de boas vontades, aliás votos, que sempre causam).

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      Comentar por jpt — 17/02/2010 @ 8:12 pm

  14. Quanto ao resto, primeiro um preciosismo: creio que a ideia e que os jovens de Vigo vao a praia ao Porto e os de Madrid a Lisboa…
    Ca para mim a cultura portuguesa defende-se antes de mais garantindo acesso de todos os publicos as suas preferencias e para isso e preciso que o Estado garanta que opcoes na rentaveis na visao de curto-prazo dos mercadores de cultura sobrevivem. E essa a base do sucesso da BBC e com essa base que depois a BBC acaba ate por vender ao resto do mundo novos rasgos de criatividade. Idealmente isto fazia-se com uma RTP/RDP fortes, independentes do poder politico mas sujeitas e abertas a escrutinio publico. Como nao temos cao, cacamos com gato, que e a legislacao.

    “Deve o Estado ser proteccionista no assunto “indústria musical” portuguesa? Não me oponho. Mas, e já agora, que tal sê-lo também no assunto “sapatos” “têxteis” [“teclados de computador”, com efeito] e todos os etcs.”

    Quanto a isto, concordo em absoluto e em ambos os pontos. Industrias que sao importantes economicamente no desenvolvimento do pais devem ser protegidas “proteccionismo” e palavra suja ara os economistas mas a verdade e que nenhuma das actuais economias desenvolvidas do mundo assim icou (desenvolvida) sem, durante a fase de desenvolvimento proteger as suas industrias emergentes de produtos transaccionaveis.

    Quanto ao Benfica so tenho 2 pontos a acrescentar:
    1 – Nao precisa de ter um Benfica so com tugasporque tem uma seleccao Nacional.
    2 – Se calhar o que deviaser legislado era a obrigatoriedade de se deter cartao de socio Benfiquista para obter nacionalidade portuguesa. 🙂

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    Comentar por Lowlander — 17/02/2010 @ 5:57 pm

  15. Sr LL, JPT, AL (et al)

    Vamos lá a ver se me faço entender, e por partes:

    1. Eu não acredito que o Estado – qualquer estado – deva ter qualquer (literalmente, qualquer) papel na comunicação social, para além de regular meia dúzia de coisas tais como a alocação das bandas, a reserva de espaços para mensagens de carácter social e para o caso de emergências (guerras, terramotos, coisas desse género), a regulação no sentido de não permitir a formação de oligopolias nos meios de comunicação social (ou seja, assegurar o pluralismo no mercado) e cobrar impostos.

    2. Os produtos da comunicação social são produtos de consumo como quaisquer outros e devem ser tratados como tal. A ideia, de que o Estado – ou seja, políticos que fazem as leis e que usam o dinheiro dos nossos impostos – deva intervir de forma categórica nos conteúdos das emissões de rádio, de televisão e da imprensa escrita (pois que na internet já é um nadinha mais difícil), com os mais estapafúrdios, se nobres, objectivos, é para mim um conceito perigoso e cada vez menios sem explicação plausível.

    3. Entendo, no entanto, o vício que o actual sistema constitui e que vem de trás, quando as rádios e televisões iniciaram o seu percurso, e em que eram não só entidades estatais, como ainda eram essencialmente instrumentos de Estado e da sua propaganda. Sendo que ainda por cima, até esta data, se pagam taxas e impostos directos e indirectos (mesmo quem não tem um rádio ou uma televisão) para sustentar esses meios.

    4. O resultado, várias décadas depois da sua génese, é que o cidadão é confrontado com uma estranha e suspeita mistura de produtos, em que o sector privado faz o que pode, enfrentando gigantescas organizações estatizadas e dependentes de oligarquias políticas e culturais, pagas por fundos que foram coercivamente obtidos dos bolsos dos cidadãos.

    5. Ora, parafraseando, eu se não quiser ler o Diário de Notícias não tenho nem que o comprar nem que o ler. E se um número suficiente de pessoas não o lerem que sustente os seus custos, ele deve deixar de existir. A ideia de que o produto cultural, para ser de “qualidade” ou “sobreviver” tem que ser manipulado pelo Estado e subsidiado sempre foi para mim um conceito peregrino e um abuso do poder da elite política vigente sobre os cidadãos. Que hoje e cada vez, menos se justifica.

    6. O que eu acho é que há muita gente neste país e neste mundo que acredita que a “sua” cultura, o “seu” paradigma, são “superiores”, que têm um ascendente sobre outras formas de expressão que (decorre) são inferiores apesar de quiçá muito mais populares. E, o que acho que é preciso ter muita lata, que essas pessoas e esses paradigmas são merecedores de uma fatia do dinheiro dos impostos que pagamos, ou de tratamento preferencial e privilegiado, em detrimento da livre concorrência das ideias e dos conceitos e das estéticas subjacentes.

    7. Repare-se que até há uns anos atrás era assim. Em Portugal, para o povão, a RTP1 passava o que considero lixo (telenovelas, concursos para atrasados mentais, festivais de música popularucha intragável, programas de variedades para mentecaptos, etc e tal) e ainda os jogos e os debates de futebol. Mas para a elite, todos pagavam igualmente a RTP2, que passava filmes do Ingmar Bergman, discursos do Vitorino Nemésio, debates exóticos sobre obscuros fenómenos da cultura, documentários sobre temas absolutamente minoritários, que faziam as delícias de uns milhares do que presumo ser a elite.

    8. Ora hoje em dia tudo isto é patético. Tecnicamente, já é possível, a um custo marginal irrisório, preparar e difundir centenas de canais de rádio e de televisão por cabo e, a breve trecho, pela internet. Como já referi, as audiências fragmentaram-se e cada vez mais as pessoas podem ver exactamente aquilo que querem ver e não o lixo que terceiros lhes querem impingir. Quer ver futebol? há canais só para isso. Quer ver notícias? há canais só para isso. Quer ver só filmes? pague a respectiva mensalidade e tê-los-á 24 horas por dia.

    9. A recente evolução dos meios técnicos e de comunicações e o comportamento das audiências obviamente sugerem que há imensíssimas oportunidades no que concerne a produção de conteúdos. Inclusivé a produção de conteúdos em língua portuguesa – a tal que acabou-se de “abrasileirar” via um acordo entre o Estado português e o Estado brasileiro e em nome de um patético conceito de “comunidade lusófona” (basta ler a lei da rádio que acima referenciei).

    10. Mas velhos hábitos não morrem, e de facto os portugueses acho que não sabem o que é não ter o Estado a meter o bedelho onde não é chamado. E reparem que não sou radical neste tópico: acho lindamente que mandem legiões de leitores, professores e figuras da cultura a Moçambique, EUA, Brasil, em executiva, fazer exposições, debates, transmitir, passear, montar bibliotecas, fazer conferências. Tudo isto, logo que com algum peso e medida. Agora, o Esdado ser dono de estações de televisão e de rádio estupidamente deficitárias, que passam conteúdos definidos por obscuros conceitos do que é que é que as pessoas devem ouvir para melhor se cultivaram…desculpem, vão para o raio que o partam. Isto é ditatorial, é patrocínio de elites, é corrupção cultural e intelectual. No tempo do Salazar era um istrumento do poder, hoje é uma vergonha.

    11. Vergonha que, para variar, é partilhada alegremente na Europa. Sempre que falo nisto, invariavelmente levo na cara com a BBC e com os brilhantes exemplos de como pela Europa toda os respectivos estados pagam, controlam, manipulam, gerem os conteúdos culturais e de informação. Suponho que a mensagem seja que, se os outros que são mais ricos e mais espertos fazem esta pulhice, que nós portugueses, como pretendentes a europeus, estejamos a agir na mais perfeita consonância com esta “best practice”. Mesmo que todos vejam que o rei vai nú e que estas práticas ajudaram a mais afundar o erário público, actualmente a aproximar-se de um agudo grau de penúria.

    12. E como se não fosse suficiente, assistimos agora ao inacreditável, que é os agentes políticos (Sócrates e Companhia), não contentes com o controlo que já exercem nos tais meios estatizados, a tentar manipular o sector privado da comunicação social. Porquê? porque controlar a mensagem é politicamente importante, e porque a cambada que àquilo assiste, já nem sequer reage, no pressuposto que existe legitimidade nessa intenção. Que, submeto, não há.

    13. O Sr LL refere o exemplo da BBC dos britânicos. Permita-lhe contrapor o exemplo norte-americano, muitíssimo mais plural e sem o espartilho em que os britânicos se meteram nos anos 20 e 30 e que não encontram meio de acabar. Adoro a programação da BBC (bem pelo menos da BBC World Service). Mas gosto ainda mais de saber que são os contribuintes britânicos a pagar aquilo tudo e não eu.

    14. Voltando ao nosso rectângulo ibérico e adjacências, se acham que é legítimo tentar impingir-me a (em média) medíocre produção musical portuguesa, agora visivelmente a travestir-se na americana e inglesa para, em nome de valores culturais que rejeito, e assim aproveitar-se do deserto insípido em que se tornaram as programações das estações de rádio para ganharem mais umas massarocas, o que eu acho é que se está a deitar a água fora com o bebé. Não preciso e nunca precisei de lições de portuguesismo e mete-me raiva quando alguém me tenta vir para cima com essa conversa.

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    Comentar por ABM — 17/02/2010 @ 9:03 pm

    • Eu acho que há algum forçar da nota. O “Estado” na prática não é nada mais do que uma forma institucional da sociedade: e não vejo qual a razão da sociedade não opinar e dirigir aquilo que quer comunicar entre-si. Claro que a formulação que uso pode dar azo a quem diga censura mas não é isso: temos um conjunto de legislações e de práticas (seja de jurisprudência seja num àmbito mais alargado) que se imiscuem nas actividades de moldagem de individuos (regulando [e nesse sentido balizando conteúdo] famílias, regulando direitos e deveres, regulando a educação, regulando religiões, etc e tal). Mas de repente surge a ideia de que a “comunicação” (em particular esse delicioso pleonasmo que é a “comunicação social”) é uma actividade económica, donde ontologicamente livre de interferências dramatúrgicas do Grande Arquitecto Malévolo, o Dissipador Extremo. Acho que há aqui um caminho a percorrer, sem o Culto Histriónico da Mão Invisível Virtuosa, e sem o adjunto do director-geral a contabilizar as percentagens de música transmontana passada na rádio popular de monchique. Um caminho a percorrer entre margens que será com toda a certeza constituídas pelo bom senso (o cujo nunca é sinónimo de senso comum) e a desinstrumentalização ideológica. E também pelo respeito pelos contribuintes (ou por outra, é absolutamente inaceitáve que o Estado português, ainda para mais no estado em que se encontra, tenha uma RTP que custa o que custa – devia fechar, ontem).

      O que ABM dizes sobre a produção cultural é simples. Cada vez que viajas pela Europa repugnam-te todas aquelas maravilhas histórico-culturais, arquitectónicas, artísticas, urbanísticas (já para não falar da música sacra ou secular do antanho) – bem como pirâmides egípcias ou similares. Toda essa tralha (todos esses Bergmans, por assim dizer) foram financiados e encomendados pelo Estado (pelas formas de Estado, pelos poderes institucionalizados e permitidos) de então – a ideia de que encomenda para a construção, e sua licença, e seu apoio, e sua desoneração fiscal quando nao financiamento, de um instrumento comunicacional como o é uma catedral de Gaudi é algo legítimo e que a transmissão de uma série de televisão dedicada à construção de catedrais (ou um conjunto de concertos de música sacra) é uma perversa (e custosa) intromissão na virtuosa liberdade do mercado é um … engano. É, como diria o velho Marx, uma alienação – uma incompreensão das condições de existência própria.

      Quanto ao resto, o prof. Vitorino Nemésio sempre teve as suas charlas no 1º canal.

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      Comentar por jpt — 18/02/2010 @ 8:37 am

  16. JPT,

    Enfim… reli o que escrevi e as maiusculas sao de facto inadequadas porque sujeitas a malentendidos, nao estava a querer gritar zangado digamos assim e sim apenas a frisar uma palavra num tom mais gozao. Percebo agora como o tom do discurso pode ser mal interpretado e por isso peco desculpas que gostaria de estender em particular a AL.

    OK, posto isto. JPT, eu nao defendo esta politica ou esta legislacao em particular do governo, ate porque pior que a ausencia de legislacao e legislacao mal feita, como esta.
    Aquilo que argumento e que o Estado deve intervir no sector da comunicacao. Deve-se comportar como um Estado estratega, deve zelar por garantir que os mercados (todos eles) se desenvolvem numa direccao socialmente benefica.
    E o ABM veio dar alguma razao a minha defesa deste principio porque muito boa gente acredita que o sacrossanto mercado providenciara tudo aquilo que queremos dos Media… efeito directo de uma qualquer mao invisivel… oremos a mao amiga comento eu com um sorriso.

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    Comentar por Lowlander — 17/02/2010 @ 10:27 pm

  17. Sr. LL

    Não acredito ser a posição que defendi extrema, acredito que o Estado, enquanto “braço armado” da sociedade, tem todo o direito de – respeitando o pluralismo e as liberdades – exercer um papel regulador e de árbitro de última instância em muitas coisas. Mas – falando apenas na comunicação social portuguesa – aquilo a que se assiste há muitos anos vasta e obscenamente excede esse papel. Eu acho que não se justifica nem temos dinheiro para isso.

    JPT

    Quando o saudoso Vitorino Nemésio (o maior açoriano a seguir ao Antero, ao Onésimo e ao meu avô MIM, e segundo alguns quiçá o primeiro nacionalista açoriano de referência) fez as suas deambulações televisivas, entre 1969 e 1975, já havia RTP2 em Portugal, mas o programa dele passou na RTP1. Mas quando fui estudar e viver para Coimbra (onde ele foi sepultado em Fevereiro de 1978) os programas televisivos dele já estavam a acabar. O pouco que vi dele foi mais tarde … na RTP2.

    Em Moçambique como sabes não havia televisão antes da independência e a primeira vez que vi uma foi num expositor, numa das edições da Facim, no fim dos anos 60.

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    Comentar por ABM — 18/02/2010 @ 10:25 am

  18. Deveres avoengos tem-me mantido longe destas paginas, mas tenho tentado acompanhar a discussao pelos emails de aviso. Boa discussao, gostei! LL esta perdoado; nao tinha levado a mal de qualquer maneira. A comunicacao escrita tem destas limitacoes – falta-lhe o tom e o gesto… 🙂

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    Comentar por AL — 19/02/2010 @ 1:14 pm


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