THE DELAGOA BAY REVIEW

11/05/2010

A NORTE DO NORTE

O Norte do Norte: o Rovuma, junto à Tanzania

por ABM (11 de Maio de 2010)

Não se pode deixar passar despercebida nesta casa a inauguração, durante o dia de amanhã, da ponte que atravessa o rio Rovuma e que passará doravante a ligar o lado moçambicano da fronteira com o lado tanzaniano, por via rodoviária.

Como nunca lá meti os pés nem pelos vistos há fotografias da tal dita cuja ponte (“Ponte da Unidade”), fiz o que se pode fazer hoje em dia: percorri toda a extensão do rio Rovuma no Google Maps, até encontrar o que me parece ser (à data de 2007) o local da ponte. É a foto que se vê em cima. Tirando a ponte, não parece haver rigorosamente nada de cada lado da fronteira. Mas a esta hora os terrenos já estão todos com dono e já há balcão do BIM por perto.

Esta ponte, segundo reza a imprensa, faz parte de um velho desejo expresso por Samora e Nyerere lá para 1975. Como supostamente só custou 30 milhões de dólares (e da melhor construção chinesa), temo só de pensar quanto é que vai custar a unidade entre os povos quando alguém tiver que passar para o lado de lá e vice-versa.

Aliás, para já interrogo-me qual será o uso da ponte, tirando os traficantes de droga, os candongueiros e os batedores de carros de Gauteng, que subitamente passaram a ter um novo mercado (se a PRM não lhes pregar uma entretanto). Aliás, não sei se, nestes termos, a abertura deste novo acesso ao território moçambicano não vai trazer tantos problemas como benefícios. Acredito que haverá bastante trânsito de transbordo da África do Sul para os países a Norte. Mas, e de lá?

A ver vamos. Para já, aguardam-se os discursos solenes, os desfraldares de bandeiras, o reiterar da amizade tanzaniano-moçambicana e o brindar do champanhe.

E removido este obstáculo dos equilíbrios regionais e das promessas por cumprir, talvez agora se possa descomplexadamente fazer a única ponte que falta para ligar o país de Norte ao Sul, o Sul que falta para completar e preparar rapidamente a expansão da capital moçambicana (que já se faz tarde), o tal Sul que deu mais dores de cabeça em tempos aos diplomatas portugueses dos tempos do Império que quase todo o resto da então projectada colónia.

E a ponte até é curtinha. Por detrás (espero que bem por detrás) da velha estação dos CFM até à Catembe é quase, apenas, um salto.

A Norte, Maputo. A Sul, A Ka Tembe, e o Sul de Moçambique

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