THE DELAGOA BAY REVIEW

17/11/2011

RTP ÜBER ALLES*

O programa continua dentro de momentos.

*A RTP acima de tudo – em germanês.

“Não há dinheiro. Qual destas três palavras é que o Senhor Deputado não entendeu?” Foi assim que, em termos que considerei refrescantes, um dos actuais ministros, quando discutindo as difíceis opções em termos do que fazer perante a calamidade que se aproxima das costas portuguesas, se dirigiu a um dos parlamentares da oposição.

Na longa tabela do deve e haver das despesas que os sucessivos governos portugueses acharam por bem fazer, a RTP ocupa um lugar de destaque, apesar de, agora se sabe, estarem a aparecer outras entidades públicas ou publicamente detidas, com dívidas monstras nos seus balanços, cuja utilidade e desempenho são menos questionáveis.

A RTP ocupa um lugar de destaque porque sempre foi demasiadamente cara para o que serve, porque tem sido politicamente instrumentalizada para efeitos da manipulação da opinião pública e – principalmente – porque sendo hoje o negócio da informação e do entretenimento isso mesmo – um negócio – simplesmente não entendo porque é que um país falido, sem perspectivas, onera os seus contribuintes com o custo de manter uma loja de bijuteria comunicacional como é o mundo da RTP.

E, este ano, a verba aproxima-se dos quinhentos milhões de euros. Deixe-me o exmo. Leitor colocar a verba em numérico que tem mais piada: são 500.000.000 de euros. Num ano. Para manter a RTP.

Volto a esta questão por três razões.

A primeira razão, é que, supostamente, o governo português actual, por razões da falência próxima do Estado, tem que cortar em muito. Não há dinheiro. Tem que cortar muito e quanto mais depressa melhor. A RTP é um excelente lugar para fazer isso pois é desnecessária, supérflua e contribui zero para o PIB nacional. Ou melhor, contribui negativamente pois extrai dos bolsos dos contribuintes, anos após ano, centenas de milhões de euros.

A segunda razão é ideológica. Pensava eu que o papel de um Estado deixara de ser, desde o advento da era da internet, dos satélites e da comunicação em massas a um custo relativamente baixo, em que o acesso dos cidadãos à informação (seja esta noticiosa ou cultural e de entretenimento) está praticamente garantido, o de assegurar esse acesso a um custo fantasmaglórico, através de uma estrutura que é recorrentemente instrumentalizada para fins políticos menos claros. Pensava eu, também, que os senhores deste governo subscreviam essa tese.

A terceira razão é o que aconteceu quando ontem foi anunciada a conclusão de um estudo, liderado pelo conhecido professor universitário Luis Duque, sobre o que fazer com a RTP.

Do pouco que tomei conhecimento das conclusões desse estudo (estilo bullet points), essas conclusões apontam para uma reformulação de alguns dos serviços, tais como o fecho de algumas estações de cabo, as RTPs regionais, a fusão da RTP Internacional com a RTP África (descobriram a pólvora, aqui) e mais uns embelezamentos diversos. Ou seja, não fecha mas corta umas coisas menores. Por minha parte, nada contra, apesar de eu continuar a achar que aquilo devia ser simplesmente quase tudo fechado e os arquivos mandados para a Torre do Tombo.

Pois não há dinheiro e a gente não precisa de nada daquilo para nada.

Mas eis que surge o inédito, quando nada menos que o Miguel Relvas, o actual ministro dos Assuntos Parlamentares, uma das figuras indómitas da ideologia praguejada pelo actual executivo, surge nas televisões a desdizer as acções recomendadas pelo estudo anunciado. Que não, que não iam fazer nada daquilo, que ele até gostava muito da RTP, que a RTP fazia mais pela cultura que o Instituto Camões (olhem só o exemplo que ele foi buscar), que ele gostava muito da RTP desde os tempos de miúdo, quando ele via os bonecos animados importados a baixo custo da RDA para entreter os meninos do pós-25 de Abril e a Visita da Cornélia.

Fiquei de boca aberta.

Entretanto, todos os meses, tirando as dívidas monstruosas da RTP que vieram não sei bem de onde, quando pago a conta da electricidade (veja-se em baixo) pago uns 5% adicionais dessa conta para a RTP, incidindo sobre esse valor 6% de Imposto de Valor Acrescentado, a menor das tr~es taxas do IVA, que deve ser para dar um toque final de sacanice refinada.

E encontro esses canais perdidos algures na grelha de 130 canais que a Vodafone, agora com o seu novo sistema de cabo de fibra de última geração, canaliza para casa.

Assim, procurarei algum consolo em saber que, pelo menos, quando o país se afundar, fá-lo-á com a RTP.  Vai ser como o naufrágio do Titanic em 1912.

Só que desta vez pagaremos – com IVA a 6% – para podermos ver o naufrágio nacional ao vivo, em televisão estatal, apresentado pelo tal conhecido jornalista nascido em Moçambique, que nos vai piscar o olho direito sorrateiramente uma última vez, antes do pau da bandeira submergir, sob as águas geladas do esquecimento colectivo.

Isto é a parte das contas da minha conta eléctrica de Novembro de 2011. Veja o exmo. Leitor a parte em baixo, respeitante a "contribuição áudio-visual". Pois. Adoro quando chamam "contribuição" aos impostos.

12/04/2011

UM MAIS UM IGUAL A TRÊS

Em cima, o jornalista  José Gomes Ferreira, da estação de televisão portuguesa SIC, durante um breve momento em que teve um rasgo de lucidez, mal contido, antes que se arrisque a ser saneado pelas forças obscuras do politiquês correcto do actual regime.

Agora temos que estar todos à espera que dúzia e meia de técnicos estrangeiros, que desembarcaram esta semana no Aeroporto da Portela estile “Men in Black”, compilem um relatório, para se perceber o que raio realmente se passa em Portugal.

Entretanto, gasta-se horas nos media a tentar adivinhar duas coisas: 1) onde é que se vai cortar o quê, 2) onde é que se vai cobrar mais impostos.

E a taxa de desemprego continua a subir.

17/12/2010

ONDE FICA O PARQUE NACIONAL DA GORONGOSA ?

Filed under: Parque Nacional da Gorongosa, Televisão — ABM @ 10:23 pm

(18 de Dezembro de 2010)

Sequência a que assisti no programa de alta cultura que dá em horário nobre num dos canais pagos pelos contribuintes em Portugal, chamado “Quem Quer Ser Milionário?”.

A Sra. concorrente, que se vê nas imagens, não foi muito longe.

Eis a sua resposta à pergunta “onde fica situado o Parque Nacional da Gorongosa?”

Imagem 1 de 4

Onde fica o Parque Nacional da Gorongosa? As opções são Namíbia, Moçambique, Angola e África do Sul.

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A senhora olha, olha, olha, e hesita.

Imagem 3 de 4

A senhora escolhe a opção 2África do Sul". O anfitrião ainda pergunta se a Sra tem mesmo a certeza.

Imagem 4 de 4

E a resposta certa é.....Moçambique. Pois é.

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