Imagem retocada e colorida.
Foi uma Senhora e da História rezará que fez parte dos inequivocamente bons.
a Wikipédia contém um algo lamentável esboço biográfico que reproduzo aqui, mas com o texto editado por mim.
Maria Alice Mabota (Lourenço Marques, 8 de abril de 1949 — África do Sul, 12 de outubro de 2023) foi uma activista dos direitos humanos moçambicana e fundadora e presidente da Liga Moçambicana dos Direitos Humanos.
Nasceu em 1949 no hospital da Missão de São José em Lourenço Marques (actualmente o Hospital geral José Macamo), quando Moçambique era uma província ultramarina portuguesa. Viveu ocasionalmente com o pai na Machava, nos arredores de Lourenço Marques, sendo que a primeira escola primária que frequentou foi na Estação Missionária Missão de São Roque, em Matutuíne, a cerca de 100 quilómetros da capital, onde concluiu o ensino primário. Morou também com um tio na Catembe , onde foi baptizada em 1966.
Em 1967/68, a sua mãe regressou da África do sul, onde viveu e trabalhou durante alguns anos e que insistiu que a filha continuasse a estudar.
Em seguida, Alice Mabota foi para a escola secundária à noite e trabalhou durante o dia como faxineira em várias instituições. Fez o ensino secundário no Liceu António Ennes (hoje a escola secundária Francisco Manyanga) e no Liceu Salazar (hoje a escola secundária Josina Machel). Como resultado, obteve acesso ao ensino superior, mas não conseguiu estudar medicina – já que não apreciaria ver cadáveres, segundo seu próprio depoimento, nem relações internacionais, já que não falava inglês ou Francês.
Entretanto Moçambique tornou-se independente. Assim, em seguida, deu aulas de português na escola secundária Francisco Manyanga. Posteriormente, trabalhou na Patrocínio e Assistência Jurídica (IPAJ) e na Administração do Parque Imobiliário do Estado (APIE).
Em 1993, participou numa Conferência sobre Direitos Humanos em Viena, Áustria, onde permaneceu por 45 dias, o que a motivaria a comprometer-se com o tema dos direitos humanos em Moçambique. Após uma segunda visita a Viena em 1995, juntamente com outros activistas e intelectuais moçambicanos, fundou a Liga dos Direitos Humanos de Moçambique.
Desde então e até à sua morte, Alice Mabota presidiu à Liga dos Direitos Humanos e estabeleceu-se como uma das vozes mais reconhecidas da sociedade civil moçambicana. Especialmente na década de 2010, criticou a crescente polarização da política moçambicana entre a Frelimo, partido no poder desde 1974 e a Renamo, o principal partido da oposição à Frelimo em Moçambique. Em conjunto com outras organizações da sociedade civil moçambicana, a Liga dos Direitos Humanos patrocinou e organizou inúmeras marchas de protesto pela paz, pela igualdade e contra a corrupção na capital moçambicana. No decurso disso, era frequente receber ameaças de morte e insultos públicos, atribuídos à ala radical da Frelimo. A polícia criminal moçambicana também a interrogou, num incidente em que foi acusada de difamar o Presidente da República.
Em 2010, Mabota recebeu o prêmio internacional Women of Courage, patrocinado pelo governo dos Estados Unidos da América.
Em 2014, considerou candidatar-se às eleições presidenciais, mas acabou por desistir. Concorreu à presidência da República nas eleições de 2019.
Faleceu em 12 de outubro de 2023, aos 74 anos, por doença, após um breve internamento num hospital na África do Sul.