Sim, o Comentador Especial do Maschamba existe. O jogador, prontes, não sei quem é
por George Ribéro, regressado de Madrid, com edição de ABM (Sábado, 26 de Junho de 2010)
Neste momento já começou a dança final das cadeiras do Mundial. E acima o nosso Comentador em Madrid. É realmente fantástico o que se pode fazer hoje em dia com o Páuerpóinte.
Os jogos de sexta-feira, dia 25 de Junho de 2010
Costa do Marfim 3 – Coreia do Norte 0
Para se apurarem para os oitavos de final, os africanos precisavam de vencer por 9-0 e precisavam que Portugal fosse derrotado pelo Brasil. Missão quase impossível. Assim, a Costa do Marfim não atingiu os objectivos, mas também não se pode dizer que tenha estado mal. Penso que cumpriu e que esta selecção, uma potência a nível africano e uma excelente equipa a nível mundial, ainda irá dar muito que falar. Afinal tem jogadores de alto gabarito como o Yaya Touré, o Kalou, o Touré, o Gervinho, o Drogba e o Dindane, para não mencionar outros que mais cedo ou mais tarde irão estar em boas equipas europeias. Muitos bons jogadores, sem dúvida. Dá gosto ver esta selecção jogar. Dominou este jogo por completo e ainda enviou algumas bolas ao poste da baliza norte-coreana.
Quanto aos asiáticos, penso que foram uma desilusão. Apenas fizeram um bom resultado contra o Brasil, mas penso que foi mais com o consentimento dos sul americanos (será o Grande Lula amigo do Grande Líder?).
Apenas um jogador deu um pouquito nas vistas, o tal Jong Tae. Se pudesse sair daquele país, certamente que poderia fazer-se um bom jogador numa equipa média da Europa. Força e alguma velocidade tem ele mas … ainda falta o resto.
Suíça 0 – Honduras 0
A Suíça prometeu muito, contra a Espanha (vitória por 1-0) mas quem muito promete, pouco cumpre. Porque será que os ditados populares quase sempre se aplicam na vida?
Aqui, “bastava” aos helvéticos ganhar às Honduras e que a Espanha perdesse com o Chile. Ganhar o jogo era mais fácil, mas esperar que a Espanha perdesse com os chilenos já era pedir um pouco demais. Aliás, até foram as Honduras a criar mais oportunidades de golo. O guarda-redes suíço, que já jogou no Nacional da Madeira, fez uma boa exibição. Quanto às Honduras, como já tinha referenciado numa crónica anterior, no jogo com a Espanha, embora não sendo uma equipa de topo, impressionou. Óptimo espírito de equipa, lutadora e do tipo que, não tendo cão, caça com o gato (mais um ditado). Tenho que dizer que esta simpática equipa me surpreendeu pela positiva, certo que não marcou nenhum golo, mas também não levou cabazadas como os súbditos do Grande Líder e saiu deste campeonato de cabeça erguida. Parabéns as esta selecção. É fácil falar bem das grandes equipas quando ganham, mas neste caso gostei da atitude dos hondurenhos.
Espanha 2 – Chile 1
Ninguém, mas ninguém, quer apanhar o Brasil na próxima fase. Acontece que Portugal não é a Coreia do Norte (graças a Deus e também a mais alguns).
As Américas deixam cinco selecções na fase seguinte. Também referi numa crónica anterior que os ares de África têm sido bons para os países daquele continente e apenas as Honduras ficaram de fora. Os chilenos começaram bem, mas tiveram o azar de se porem a jeito dos contra-ataques espanhoelos e assim sofreram o primeiro golo, com culpas para o guarda-redes chileno, que não despachou a bola correctamente. Quem marcou, quem foi? David Villa, por supuesto. Este niño é mesmo craque e vai para o Barcelona. Mais tarde o árbitro expulsou um jogador chileno, permitindo que a Espanha descansasse un poquito e a seguir marcasse o segundo golo.
Logo no início da segunda parte, o Chile reduziu a desvantagem, mas, com dez em campo contra a Espanha, foi muito difícil fazer mais. Mesmo assim, o Chile passou aos oitavos de final.
Portugal 0 – Brasil 0
Deixei o melhor dos jogos do dia 25 para o fim.
Melhor porque Portugal passou à fase seguinte. Afinal, e mais uma vez, o Carlos Queiroz passou de Besta a Bestial. Já todos ouviram falar na regra dos oito ou oitenta, que é um pouco típica dos Portugueses. Batem no ceguinho quando não devem e vão à lua quando devem ter os pés bem assentes, neste caso em…África.
Voltando ao jogo, afinal, nem o Brasil foi aquele papão, nem Portugal foi aquele fado desgraçadinho fatalista.
O Brasil começou melhor. Portugal apenas mantinha o Cristiano Ronaldo na frente. O Brasil ia trocando a bola, mas exceptuando uma ou outra ocasião de golo, também nada de extraordinário fez. Notou-se que, sem Kaká e sem Robinho, o Brasil não é bem o mesmo.
Na segunda parte, Portugal jogou melhor e até podia ter marcado. Quanto a Portugal, penso que há um jogador muito influente na equipa e que com ele, Portugal joga melhor. Estou a falar do Tiago. Não é nenhum fora de série, nem dá nas vistas. Não faz fintas deslumbrantes nem joga para as bancadas, não faz anúncios para bancos nem tem muitas namoradas, mas é o tal trabalhador que ninguém nota mas empresta consistência, inspira confiança nos colegas da frente, dos lados e de trás. Joga e faz jogar. É melhor que não saia da equipa por causa do Deco.
Quanto ao Brasil, tem um jogador que não é mau mas tem mau feitio, o Felipe Melo. Dunga, inteligentemente, substituiu-o, pois já tinha um cartão amarelo. Pena o lance do Raúl Meireles frente ao guarda-redes Júlio César.
No fim, o resultado acaba por estar certo. Os brasileiros também tiveram as suas oportunidades e até mais tempo com a bola em seu poder, se bem, muitas vezes, no futebol, isso não queira dizer nada.
E assim agora Portugal vai jogar com a Espanha.
Atenção, que vai ser um jogo difícil. Mas Portugal até nem se dá mal com os nuestros hermanos. Estou a falar em termos de selecção, claro. Acredito que Portugal pode vencer a Espanha como já o fez anteriormente. Porque não agora? 2008 já lá vai.
Os jogos de sábado, dia 26 de Junho de 2010
Uruguai 2 – Coreia do Sul 1
Bom jogo de futebol. Os coreanos nunca se deram por vencidos e nunca baixaram os braços. Aos cinco minutos enviaram uma bola ao poste da baliza uruguaia e correram sempre à procura do golo. Por seu turno, a equipa celeste, como é conhecida a selecção Uruguaia, também praticou bom futebol e tem bons jogadores como Suarez, Forlan, Calvani, e os “portugueses” Álvaro Pereira, Fucile e Maxi Pereira. Suarez, que joga no Ajax de Amesterdão, bisou neste encontro sendo o segundo golo digno de registo, com um excelente remate em jeito (arco) que tornou inútil a tentativa e voo do guarda-redes sul-coreano. Assim, o Uruguai passou à fase seguinte.
Gana 2 – EUA 1
Jogo muito emotivo e equilibrado, com direito a prolongamento e, com a presença de uma importante personalidade mundial, o ex-Presidente dos EUA, Bill Clinton.
Foi mais feliz o Gana, uma selecção com jogadores jovens e com talento. O Ayew e especialmente Gyan são jogadores de bom nível e que podem desequilibrar um jogo. Impressionante a forma como Gyan arrancou para o segundo golo, levando a melhor sobre dois norte-americanos, tendo inclusive aguentado a carga de Boca Negra, resistindo à tentação do costume, isto é, de se mandar para o chão para uma falta perigosa e consequente amarelo para o adversário – e ainda teve força para chutar forte e fazer golo. Isto tudo, já durante o prolongamento. Todo este esforço não foi em vão. Deu no apuramento para os quartos de final.
Os EUA tentaram tudo para empatar a partida mas já com mais coração que cabeça, recorrendo ao chuveirinho do costume nestas ocasiões. Clark esteve infeliz na forma como perdeu a bola e facilitou o primeiro golo ganês e o mesmo já lhe tinha acontecido no golo da Inglaterra contra os EUA. Ainda por cima viu um cartão amarelo por entrada perigosa e saiu mais cedo. Há dias assim mas, numa competição a este nível, os erros são ouro sobre azul para os adversários e habitualmente pagam-se muito caros.
Esta selecção dos EUA evoluíu bastante e, com um pouco mais de maturidade e experiência (um treinador brasileiro ou europeu?) pode vir a ser uma selecção mais forte. Tem organização, disciplina e é muito pragmática.
O Gana é, actualmente, uma das melhores equipas de África, juntamente com a Costa do Marfim e o Egipto, mas é agora o único representante do continente africano neste Mundial … de África. Encontra a seguir o Uruguai, outra equipa que tem estado bem. São ambas equipas com muito coração e portanto antevê-se um jogo bem disputado.
Aparte Um
Uma curiosidade estatística: neste momento, Portugal passou a ser a única equipa neste Mundial que ainda não sofreu qualquer golo.
Aparte Dois
Desde pequeno, quando jogava futebol no passeio em frente à casa onde vivia na Rua da Argélia em Maputo (a ex- Rua dos Aviadores da ex Lourenço Marques) com os irmãos Chico, Nando e Mesquita B. de Melo (eu e o Nando ganhávamos quase sempre aos outros dois irmãos, mais velhos que nós…) que desenvolvi um carinho muito grande pela equipa de futebol do Uruguai. Porquê não sei, talvez porque nessa altura conheci e li sobre esta selecção no Mundial de 1966 na Inglaterra e logo a seguir em 1970 no México: Na altura soube que tinha já vencido dois Campeonatos Mundiais, em 1930 e em 1950. O segundo campeonato foi ganho numa final contra o Brasil, no Estádio do Maracanã, por 2-1. Não achei piada tanto por ter derrotado a equipa do Brasil, país pelo qual tenho todo o respeito e admiro também em futebol, mas porque o Uruguai é um país muito mais pequeno mas grande em futebol – assim tipo Portugal. Lembro-me de grandes jogadores como Fernando Morena, Ubinâs, Esparrago, Francescoli, (o Príncipe), e o guarda-redes Mazurkiewicz, que esteve presente em três mundiais. Claro que também foi conhecida como uma equipa dura, que por vezes praticava um futebol para lá da agressividade, mas fico contente por esta selecção poder, neste mundial, mostrar ao mundo que o uruguaio é um jogador com técnica e que este país pode apresentar uma boa selecção. Esta geração então, claramente é de qualidade.
Aparte Três
A minha sogra, 80 anos de idade, espectadora distraída, acha que foi injusto os “chineses” terem perdido este jogo porque jogaram mais jogos que as outras selecções e estão mais cansados. Confesso que fiquei admirado com o comentário mas acabei por compreender que, para a minha sogra, qualquer equipa oriunda de qualquer país situado a leste da Índia são… “chineses”, seja do Japão, das Coreias, do Vietname, etc. Sendo assim, de facto os Países que jogaram com os asiáticos foram nada mais que Portugal, Brasil, Costa do Marfim (Coreia do Norte), Dinamarca, Camarões e Holanda (Japão) e Argentina, Grécia, e agora o Uruguai (Coreia do Sul). Muitos jogos para os “chineses” dela.