THE DELAGOA BAY REVIEW

19/02/2012

OS SIMANGO NO CAIRO, 1973

18/12/2011

DIÁLOGOS COM A HISTÓRIA, 1980-2011: OS ASSASSINATOS POLÍTICOS EM MOÇAMBIQUE

Transcrição de uma alegada "Ordem de Execução póstuma".

A imagem em cima circula na internet há muito tempo. Supostamente, reproduz uma “ordem de acção”, datada de 1980, em que terão sido assassinadas figuras conhecidas de Moçambique (Uria Simango, Lázaro Nkavandame, Júlio Razão Nihia, Mateus Ngwegere, Joana Simeão e Paulo Gumane).

Há pelo menos uma pessoa que diz que isto ém tudo falso e uma invenção.

O que se sabe de facto é que os visados eram na altura figuras ingratas do regime vigente e que, à falta de melhor explicação,  simplesmente desapareceram da face da terra. A partir daí supõe-se que o que aconteceu, aconteceu às ordens de alguém na então Frelimo. Mas para além disso, formalmente, não se sabe mais nada.

Ninguém dá a cara.

Ninguém dá detalhes.

Ninguém explica.

Em baixo, um debate havido, entre 24 e 25 de Novembro de 2011, que reflecte as posições e dúvidas prevalecentes, ao melhor estilo Wikileaks.

Pelos vistos, neste e noutros casos, como os homens não não a cara, só Deus sabe a verdade.

Tal como aconteceu com aquele desgraçado empresário que falou mal do Presidente ao Encarregado de Negócios Todd Chapman há precisamente um ano, dou um rebuçado a quem não perceber quem é P F.

As mensagens trocadas, a propósito do documento acima reproduzido:

——

L N – Sem comentarios. O documento fala por si e a história do nosso país ensina. NAO VAMOS ESQUECER O TEMPO QUE PASSOU/ QUEM PODE ESQUECER O QUE PASSOU?

E C – Profundo mais velho… How easy we forget… Eu ainda insisto que deviamos montar comités de verdade e reconciliação… A muito para ser dito deste Belo Moçambique… Muito sangue derramado, muita lágrima…

L N – Já se matou em nome dos “costumes”.. “Usos e tradições da luta armada” sem que os réus tivessem direito a defesa. Viva.

C W – wowwww esse é um documento de grande valia para história de Mocambique…thanks por partilhar.

I N – Só duas questoes: 1- O fuzilado Júlio Razao Nihia será parente do “camarada” Eduardo da Silva Nihia? 2-Será que os ex-integrantes do “Comité”, alguns dos quais com cruzamos nos dias de hoje (Sérgio Vieira e Oscar Monteiro), algum dia sentiram remorsos do que fizeram, em nome do “espirito dos costumes, usos e tradições da luta armada de libertação nacional”?

L N – Os próprios, Sérgio Viera, Óscar Monteiro entre outros.

A P – quem assina é o Jacinto Veloso, outro notável do partido, como querem que exista uma falsa paz podre ? estamos todos com uma amnésia mas temporária claro.

L N – Certa vez, entrevistado pelo O País, Jacinto Veloso disse que não se lembrava de ter assinado esse documento. Isso foi depois de, vasculhados os baús da história, as verdades terem vindo à superficie. Foi apenas uma infrutifera tentativa do ex-general, ex-marxista e hoje um dos mais prósperos empresários em Moçambique.

L N – http://www.canalmoz.co.mz/component/content/article/2-artigos-2007/11875-generais-amnesicos?.html

Generais amnésicos?
http://www.canalmoz.co.mz
CanalMoz – Jornal online do Canal de Moçambique

P F – N, surely you know that this document is a notorious forgery, an invention of the apartheid disinformation machine. You probably do know, but can’t resist throwing any old rubbish at Frelimo.

L N – What? P F my dear friend and collegue, LET the Truth be told

A P – Please respect the families of the victims, by denying you are creating a big issue for the families who are the respectable politicians of our times.

L N – All those falimy are still waiting for make funerals of [their] loved ones, but the guardians….forget where they killied

S C – sempre é melhor atirar-se as culpas ao apartheid?? na altura nem havia tanta coisa assim em que o apartheid tivesse interesse nesta noticia… my god, cada jornalista… se isto é mentira, entao também é mentira que Mondlane morreu no seu office… como reza a nossa historia.

L N – Mondlane morreu em casa de Betty King, uma americana que era secretária da sua esposa Janet Mondlane no Instituto Mocambicano em Dar-Es-Saaam, na manhã de 3 de Fevereiro de 1969. Ele passou pelo escritório, levou alguma correspondência (onde estava o livro armadilhado), e como a mulher se encontrava na Suíça…

R M ‎- “Assassinos fora…” Mano Azagaia….

E C – Mas que tal aderirmos ao Tribunal Penal Internacional.  Não acham que tenha chegado a hora?

M A – Mas porque baterem a boca em inglês se a introdução está na língua de Camões P e L? But ok, any may, we can in inglês.

S C – ‎”…e como a mulher se encontrava na suica…”lol…

M A – O que aconteceu S C quando a mulher estava na Suíça????…….lol

S C – eheheheheh, k pergunta obvia… mas nao sei. eu nao era vivo na altura. heeheh

M A – L você!!!!! Fogo li o jornal e estou com mais dúvidas, afinal quem tem a verdade?

M A – Não podes me dizer? Será segredo pah

V B – Tarde ou cedo a verdade vem à tona. E são os mesmos que dominam as televisões quando estamos em datas festivas. Falam da revolução mas esquecem-se (?), mas jamais admitem a autoria dos crimes cometidos na altura.

M A – A sorte é que muito poucos usam esta ferramenta porque a mesma só está disponível em telemóveis para a classe média inexistente, porque caso contrário estávamos em problemas. Já imagiram se os nossos filhos nos perguntarem onde morreu Eduardo Mondlane?

L N – A Verdade? Só sei que a MENTIRA tantas vezes propalada, se transformou, sobretudo para os próprios, na verdade do consolo.

M A – Errar é humano, quem somos nós para fazermos a justiça? Devem ter agido na emoção e no querer fazer bem para o povo e dai o excesso.

L N – Meu caro, aqueles homens (mulheres e criancas, de acordo com varias fontes, orais e documentais) nao foram julgados. Foram sumariamente executados.

M J – P F grande lambe botas.

M A – Foi o demónio encarnado neles, eles não sabiam o que faziam. Alguns devem ter problemas de sono, vamos lhes perdoar e entregar a justiça a Deus. Apesar de eu achar que o pecado paga-se aqui na terra.

L N – Esses foram os que melhor interpretaram O Príncipe de Nicolau Maquiavel: “Os fins justificam os meios”.

R F – Não vamos esquecer, esta é uma verdade. Ainda bem que lá se foi o monopartidarismo.

M A – Grande teoria essa, e quando e que os meios justificam os fins?

L N – Poder, não é jogo para incautos. E tal como os seus mestres, os camaradas da escola Stanilista…limitaram-se a aplicar quimicamente o que aprenderam.

M A – É preciso virarmos a página e entregarmos a Deus tudo para evitar mos passar o resto das nossas vidas amargura dos e cheios de ódio. A amargura e o ódio não trazem a felicidade desejada e mesmo os pecados trazem a almejada felicidade….

L N – O que mais dói, é que o regime vigente nunca se dignou a entregar as ossadas dos “fuzilados” aos seus legítimos ente-queridos, para, à boa maneira africana, procederem aos funerais.

A M – Sr. P F, por favor, mas na língua de camões, explique-se melhor… Quem sabe até podes ter razão e cá o pessoal estar “equivocado”… Quem não te conhece é que te “compra mano F…

P F – Yes, N – let the truth be told. Except that this document is not the truth, it’s a South African forgery. This is not to excuse the executions of Simango and the others – which probably took place in 1983, not in 1980, much less 1977. But you can’t discuss these matters by using forged documents. And you don’t really believe that Oscar Monteiro was subordinate to Sérgio Vieira in 1980, do you?

L N ‎- P F you are the spokesperson for Monteiro and Vieira? This note is clear. Why they (the comité) never refute?

M A – Hehehehehehe quando dois elefantes se degladeiam a busca da verdade nós os elefantinhos ganhamos porque acabamos sabendo de muitas coisas, então o P F é o porta voz!!!!

P F – What are you talking about N? Of course I’m not a spokesperson for anyone – I merely point out the inherent improbability of Vieira being put in charge of a committee where one of his subordinates was Oscar Monteiro, since Monteiro since Monteiro was higher ranking in Frelimo! A lower ranking cadre would not be put in charge of a higher ranking one in those days. But if you’re insisting on the veracity of this document, perhaps you’d like to tell me where it was first published? What is the original source?

G C – Recorde- se que estes são uma parte de tantos co-cidadãos que morreram, sem contar com aqueles que não figuravam em ordens de accão, executado por meio de chambocados e outros metodos de punicão, mas a história vai julgá-los…

A A – P F, um jornalista ou um … duvido das qualificações técnicas do F, um individuo que tem dificuldade de perceber a nossa história, para lograr os seus intentos acusa o apartheid de forjar os documentos. Tenho pena dele porque só envergonha a classe dos jornalistas.

A A – Se estivesse vivo o Carlos Cardoso estaria sempre enjoado com as publicações falsas de F, para alem de ter memória de crocodilos, nós os outros diríamos que o F é mais um mestre das conspirações intestinais.

P F – Eu era colega de Carlos Cardoso durante uma decada na AIM, e sou co-autor (com Marcelo Mosse) da biografia de Cardoso. Duvido que A A saiba mais de Cardoso que eu. Longe de ser “sempre enjoado” Cardoso era um bom amigo e camarada meu durante quase 20 anos. O jornalismo de Cardoso era investigativo e cuidadoso – certamente ele queria saber a proveniência de documentos duvidosos, em vez de imediatamente os publicar.

H F – Afinal o senhor P F quer dizer que os senhores acima mencionados não foram executados, ou que tiveram uma execucao merecida?

I A – NAO VAMOS!

P F – Sr H F, como já disse, os ditos “reaccionários” foram mortos. Isso nao é a questão. A questao é se o documento usado por L N é genuino ou não. Eu acho que as indicações são que Simango, Kavandame e os outros foram fuzilados em 1983, e não 1980. Execução merecida ? – não, isso não existe. Sou contra a pena de morte em quaisquer circunstâncias.

M A – Mudou de cor que nem um camaleão, acho que se apercebeu que há pessoas atentas ao seu malabarismo lol.

L N – ‎P F, aquela ordem de acção, está nos documentos da Frelimo. Eu encontrei no Bureau de Informação Pública.

A M – O senhor F sabe muito bem que o documento não é nenhuma “forja” do apartheid mas, como é sua “missão” defender o partidão a qualquer custo, aí está… realmente tá virando camaleão…

P F – Sr M, não tenho missao de defender ninguem – como historiador quero saber a proveniência das fontes. Contrário ao que disse N, isso nao e’ nenhum documento da Frelimo. E se Simango e os outros eram fuzilados em 1983, então qualquer documento que fala de execuções de 1980 tem de ser falso.

L N – É muito dificil….P F, sabe e bem, pois Mariano Matsinhe já o disse em entrevista ao Savana que na Frelimo, era prática fuzilar pessoas. Como também sabe que Uria Simango foi vitima de um golpe palaciano, depois da morte de Mondlane (este que foi morrer em casa da secretária da sua esposa quando ela estava na Suiça, facto esse omitido longos anos e matéria de falsidade nos manuais de ensino primário durante a chancelaria de Graça Machel quando ministra da educação) anti-estatutário. Sabe tambem, porque Chipande o disse que eles (Frelimo, os vivos claro) lutaram para SEREM RICOS. Vamos deixar de falatórios baratos. Esse documento é oficial e revela, sem margem de dúvidas, as grandes lições da escola stanilista que foram adquiridas por aqueles que diziam que “Mocambique seria o túmulo do capitalismo” e hoje são os maiores capitalistas, mesmo que a fonte inicial tenha a criação de aves da família dos palmides, comumente conhecidos por patos.

A M – Sr P F, o que é que o senhor recebe em troca, para “defender” o sistema? Já num debate televisivo, alguém no painel ou na plateia, terá levantado o facto de o senhor não ser ser “originalmoz” – o que eu não concordo – que o leva a assumir posições extremamente incofessáveis nos dias que correm. O senhor tá tentando tapar o sol com a peneira, como se diz…

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