Faleceu ontem em Itália aos 88 anos de idade, Bertina Lopes, pintora e escultora de Moçambique.
Alguns se recordarão da sua beleza e personalidade fulgurante em Lourenço Marques, onde já pintava e dava aulas na então Escola Preparatória General Joaquim José Machado. Entre as suas alunas estão a Lourdes Gameira Borges e a Rosa Salvador.
Cerca do final dos anos 1960 radicou-se na Itália.
Cito o texto recolhido na Infopédia, ligeiramente editado:
Pintora e escultora moçambicana nascida em Lourenço Marques (actual Maputo), em Moçambique.
Filha de pai português e de mãe moçambicana, terminou os seus estudos secundários em Lisboa, onde se formou em pintura e escultura pela Academia Superior de Belas-Artes. Durante a sua estadia em Portugal, a jovem teve oportunidade de conhecer alguns pintores portugueses, como Carlos Botelho e Marcelino Vespeira. Em 1953, regressou a Maputo e lecionou desenho, durante nove anos, na escola técnica General Machado. O contacto com a poesia de Noémia de Sousa e de José Craveirinha influenciou o trabalho da artista que começou a exprimir nos seus quadros a crítica social e política.
Em 1962, ganhou uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian que lhe permitiu estudar cerâmica, em Portugal, com Querubim Lapa. No entanto, devido ao regime ditatorial da época e à política colonial administrada por António Salazar, Bertina Lopes decidiu não regressar a Moçambique e, em 1964, obteve uma outra bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian a fim de aprofundar os seus conhecimentos artísticos em Roma, onde se estabeleceu. Aí, conheceu artistas italianos, como Marino Marini e Renato Guttuso.
Realizou várias exposições em Itália, assim como noutros países, tais como Portugal, Luxemburgo, Moçambique, Angola, Cabo Verde e Espanha.
A partir de 1993, exerce as funções de conselheira cultural na Embaixada de Moçambique, em Itália. A pintora, que começara a sua carreira em 1950, tem sido alvo de numerosos estudos e análises sobre o seu trabalho artístico.
Bertina Lopes recebeu vários prémios e títulos dos quais se destacam o 1.º Prémio de Pintura Internacional do Centro Internacional para a Arte e Cultura Mediterrânea (1975), o Grande Prémio de Honra da União Europeia da Crítica de Arte (1988), o Prémio Mundial Carson da Fundação Rachel Carson, em Nova Iorque (1991), o prémio internacional de arte “La Piejade” (1992), em Roma, e o título de Comendadora de Arte entregue pelo presidente Mário Soares (1993). O seu trabalho está representado em coleções particulares e publicas sobretudo em Moçambique, Portugal, Itália e nos Estados Unidos da América.
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À família, junto-me aos demais, apresentando as condolências e prestando homenagem às memórias desta senhora, da sua vida e da sua obra.