THE DELAGOA BAY REVIEW

14/12/2011

SOBRE O DIA EM QUE SAMORA MACHEL MORREU, 25 ANOS DEPOIS

Tão novinhos que eles eram. E lá estão os dois. À esquerda, a Sombra. Para os ver em tamanho gigante e a cores em sua casa, prima na imagem acima duas vezes com o rato do seu computador.

Para comemorar um ano de andar a escrevinhar aqui no The Delagoa Bay Blog, cuja leitura por uma leal mão cheia de -espero – espíritos livres que gostam de ver como as coisas são e porque é que são assim, reproduzo em baixo, com vénia, uma nota um tanto cáustica mas eminentemente legível e possivelmente plausível, que encontrei quase por acaso na internet, num blogue muito interessante chamado Tempos Modernos, assinado por um Sr. que se auto-designa Marx e que se parece mesmo muito com o homónimo mais conhecido de outras eras. Ao seu texto chamou O Ano das Cobras e aqui vai, menos uma ou outra gralha e a sua reversão para o velho português, felizmente ainda em vigor em Moçambique:

Um exemplo de estatuária norte-coreana moderna, estilo "querido líder", muito na moda estes dias.

Numa jogada de puro oportunismo político, Armando Emílio Guebuza resolveu fazer de 2011 o «Ano Samora Machel».  À primeira vista, tudo pareceria justificado: afinal, Samora foi o primeiro Presidente de Moçambique independente e, os seus discursos sempre falavam da abolição da exploração. Relembrar Samora à juventude moçambicana seria, portanto, natural.

Acontece que, com Guebuza, a história não é essa.

Samora e Guebuza odiavam-se. Samora e os demais, sabiam do carácter ambicioso de Guebuza e vigiavam-no permanentemente.

Veloso, Guebuza e Machel brindam.

Mas Guebuza era um rapaz trabalhador e esperava a sua vez. À frente do Ministério do Interior, começou laboriosamente a montar um exército paralelo que lhe obedecesse. Para isso, serviu-se da Polícia para a equipar com blindados e carros de assalto. Fazia desfiles de demonstração da sua força.

Em 1984, dirige a “Operação Produção”, que lança milhares de compatriotas na selva de Niassa e Cabo Delgado e subsequente morte ou fuga para a Renamo.

Alimentada com esses novos reforços, o movimento dos “bandidos armados”, inflige derrotas sucessivas no exército governamental e desarticula a economia moçambicana.

Samora desespera e sente-se cada vez mais cercado: afasta Guebuza para a Beira e impõe-lhe residência fixa. Cada vez mais isolado, despromove Sebastião Mabote por suspeita de traição e entendimento com a Renamo. Numa cimeira de chefes de estado no Malawi, ameaça bombardear esse país por suspeita de dar guarida à oposição.

É neste ponto, a caminho de Maputo para demitir mais uns tantos, que se dá a queda do avião em viajava Samora: uma sucessão de erros de navegação aérea, de incompetência da tripulação e de conivência de adversários internos e externos (África do Sul, URSS) provocam um acidente imprevisto.

Mas havia quem sabia e desejava o acontecimento. Samora queria provocar um confronto Leste-Oeste em Moçambique. O confronto não interessava a ninguém e foi preciso acelerar a queda de Machel.

Chissano foi o senhor que se seguiu. Mas Guebuza, aguardou a sua vez e impôs-se, ameaçou contar o que sabia e fez-se eleger como presidente.

Mas que fique claro: Samora e Guebuza sempre se temeram e sempre se odiaram. Vigiavam-se mutuamente no tabuleiro do xadrez moçambicano.

Samora, brought to you by Guebuza, North Korea and The Pepsi-Cola Company.

É por isso que o «Ano Samora Machel» é uma hipocrisia mas, em todo o caso, serve a estratégia guebuziana de propaganda e de demonstração de força.

Mas para melhor humilhar Samora, nada como uma mistela feita com uma estátua norte-coreana bem regada por Pepsi-Cola sul-africana, na praça que foi do Mouzinho de Albuquerque. Agora, sem cavalo e rodeado dos crocodilos que Samora avisava terem que ser mortos no ovo …

Veneno perfeito!

(fim)

7 comentários »

  1. Contava-te eu, noutro dia, a propósito do “Maputo City Tour” que fiz, a meu pedido, por um operador de turismo local com guia, a fim de ter uma perspectiva dos locais e informações facultados sobre a minha cidade a clientes meus. Além do percurso, mais do que óbvio, foi interessante a paragem na nova estátua do Samora Machel e seus comentários. Seus, do guia, claro: “este foi o único que morreu pobre”; “os políticos ainda hoje têm de usar o nome dele para ganhar eleições”; “esses gajos todos usam o nome do Samora até hoje nas campanhas”; “senão usarem e falarem, mas muito do Samora Machel, não ganham eleições”; “este foi o único que morreu pobre” (repetiu).

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    Comentar por Irene Grilo — 22/12/2011 @ 10:21 am

    • Curiosa a perspectiva do guia. ABM

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      Comentar por Antonio Botelho de Melo — 22/12/2011 @ 12:26 pm

  2. Obrigada por este post. É importantíssimo relembrar a história.

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    Comentar por Irene Grilo — 22/12/2011 @ 10:23 am

  3. Eu sempre soube k guebusness não era flor p cheirar, o homem da ambição desmedida.

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    Comentar por Gaide pita — 18/01/2013 @ 12:25 am

  4. Será que a queda do avião que transportava o Presidente Machel e outros camaradas foi causada por alguém ou foi natural?

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    Comentar por nelson mathe — 06/11/2014 @ 6:36 pm

    • Mano Nelson,

      Penso que as evidências até agora apontam para acidente aéreo, causado por erro humano (os pilotos soviéticos). Mas não falta gente que “acredita” que foi um atentado.

      Um abraço ABM

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      Comentar por ABM — 01/12/2014 @ 4:32 pm

  5. samora machel ja sabia k guebuza ia vender a patria por sua abincao e ganancia d kerer ter e ser ok e nos dias d hje. Veja hje o pais exta mergulhado em dividas k ninguem sab de ke, o povo exta sofrendo e o guebas n bem e bom. Cnstroi estatuas d samora em tdo pais cmo s sentisse a sua morte enkato isso e capa pra escnder seus podres.

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    Comentar por jafar alide joao — 04/05/2016 @ 4:48 am


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