THE DELAGOA BAY REVIEW

15/10/2010

MOÇAMBIQUE, PORTUGAL E A GUERRA ANGLO-BOER DE 1899-1902

Uma família boer rural, cerca de 1886

por ABM (15 de Outubro de 2010)

Numa Pesquisa que fiz a semana passada e relacionada com a Rua de Bagamoyo (preteritamente conhecida como Rua Araújo), descortinei alguns dados dispersos que compilei para a nota que se segue. Alguns factos são mais conhecidos que outros, mas pode ser que a compilação faça leitura interessante.

Além disso, é sexta-feira – e fim de semana!

A Guerra Anglo-Boer de 1899-1902

A grande guerra Anglo-Boer de 1899-1902 foi um conflito titânico, estranho, sinistro, opondo o vasto poderio do império britânico, então no seu pico, e duas minúsculas repúblicas “brancas” fundadas na distância possível da então britânica Colónia do Cabo, mas situadas mais ou menos do outro lado da então recentemente delimitada fronteira moçambicana (que corresponde aproximadamente às delimitações actualmente em vigor entre Moçambique e a África do Sul).

Na fronteira acabada de delimitar entre Moçambique e a República Sul-Africana (boer), cerca de 1891. Na imagem, os senhores em primeiro plano são uma delegação de Gungunhana. Os elementos da nação-estado moderna, importados da Europa, em estranha coexistência com a tradição imemorial africana.

No pico do conflito, que na altura seria, em termos mediáticos o equivalente nestes dias do que os Estados Unidos andam a fazer na região do Iraque-Irão-Afganistão desde há meia dúzia de anos, a Grã-Bretanha tinha no terreno na África do Sul cerca de quinhentos mil homens em armas.

Contra quem? Se se partir do princípio que as populações negras no Sul de África eram basicamente ignoradas e não participavam no processo político (em termos militares, desempenharam um papel importante de suporte e de retaguarda, principalmente em relação aos britânicos, que mesmo assim para eles eram considerados apenas ligeiramente menos piores que os boers), as duas repúblicas boer, o Estado Livre de Orange (território que creio hoje mantém o nome e estutura territorial) e a República Sul-Africana (durante muitos anos conhecida como Transvaal e após o arranjo de 1994 foi reorganizada para o que hoje são as províncias de Mpumalanga e Gauteng), tinham, se muito, entre homens mulheres e crianças, cem mil pessoas a viver lá.

Mesmo em língua portuguesa, existem fantásticas histórias e análises sobre quase todos os aspectos deste que certamente foi um conflito acompanhado atentamente pela imprensa a nível mundial. E sobre as suas causas.

Curiosamente, depreende-se facilmente que os relatórios de imprensa e a opinião pública naquela altura dividiam-se claramente entre os paradigmas do apoio imperial pela visão da Pax Britannica, e o apoio pela legitimidade e irredetutibilidade do combate dos boers.

A todos os títulos, à partida era um verdadeiro desafio entre um David e um Golias.

Na minha humilde opinião, na base de tudo, estavam apenas alguns, simples, factores:

1. no território do Transvaal encontraram-se os maiores depósitos de ouro que o mundo jamais viram (num canto do Estado Livre de Orange situava-se Kimberley, um dos maiores depósitos de diamantes até então encontrados, achado que esteve na base da fortuna de Cecil Rhodes e a génese da empresa De Beers);

2. a herança da visão imperial de Cecil Rhodes, um dos mais célebres colonialistas britânicos, perante a qual, tal como acontecera com Portugal anos antes ao ser corrido do que é hoje o Zimbabué, a soberania boer era simplesmente inaceitável em última instância.

E

3. um ódio declarado e visceral dos boers em relação aos britânicos, que simplesmente não os deixavam viver em paz e sossego.

Já em 1880-1881 os boers, que eram essencialmente agricultores (é que que quer dizer boer em português- a palavra diz-se “búer”) e que quarenta anos antes haviam formado as repúblicas para escapar ao jugo inglês mais a Sul na Colónia do Cabo (onde mesmo assim permaneceu durante muitos uma maioria boer que as apoiava moral e materialmente), tiveram um primeira guerra para reafirmar a sua independência em relação ao império britânico.

Guerra que foi seguida por mais incidentes, de que se destaca o fiasco do Raid de Starr Jameson em Joanesburgo em uns anos mais tarde, incidente da quase total responsabilidade de Cecil Rhodes e das suas relações (Jameson era um grande amigo seu e basicamente agia às suas ordens. Rhodes na altura era nada menos que o homem mais rico do Império britânico e o primeiro ministro da Colónia do Cabo).

Cecil John Rhodes, o arquitecto da "grande África do Sul". Odiado por Paul Kruger. Está sepultado nas colinas de Mattopos, no Zimbabué de Robert Mugabe.

A guerra de 1899-1902 foi de uma tal violência que é difícil de imaginar estes dias. Para contrariar alguns revezes iniciais, os britânicos enviaram para a zona do conflito todo o seu poderio e ainda o famigerado Lord Kitchener, já então célebre pela forma sanguinária como resolvera uma rebelião no Sudão uns anos antes (basicamente pela exterminação em massa).

Entre outras inovações, Kitchener operacionalizou um elaborado sistema de fortificações vigiadas com centenas de quilómetros de comprimento, para literalmente imobilizar e caçar os rebeldes boer, que desde cedo passaram a fazer uma guerra de guerilha (termo cunhado, e forma de acção militar primeiro inventada, nas guerras napoleónicas em Portugal e Espanha).

Kitchener implementou ainda um sistema de campos de concentração, onde colocou e basicamente torturou e matou milhares de mulheres e crianças boer, esta no fim do dia a razão porque os rebeldes acabaram por se render.

Exemplo da política de terra queimada seguida pelo exército britânico

Para além dos campos de concentração para mulheres e crianças dentro do que é hoje a África do Sul, Kitchener mandou fisicamente exilar de África os prisioneiros de guerra boer para campos de concentração localizados na Índia, no Sri Lanka, nas Bermudas e na Ilha de Santa Helena, a mesma onde Napoleão morreu exilado em 1821.

Procedeu ainda a executar uma implacável política de terra queimada nas repúblicas invadidas, em que destruiu com dinamite e fogo praticamente todas as casas, quintas, árvores, utensílios, poços, estradas, animais e colheitas dos boers. Vilas inteiras consideradas sem valor estratégico foram completamente arrasadas.

Lord Kitchener. Se fosse hoje estava preso em Haia. Naquela altura, foi um herói do Império britânico.

Desde o início que os boers estavam incomparavelmente mal armados, sendo uma das curiosidades da guerra que usavam uma espingarda de tiro único chamada Guedes, que fora desenhada por um militar português e encomendadas numa fábrica algures na Europa. Mas, por alguma razão, no fim os portugueses cancelaram a encomenda e o Transvaal comprou-as baratinho (tinham o selo real do rei português D. Luiz, imagine-se). Eficaz na guerrilha, mas nessa altura o exército britânico dispunha já de novas gerações da sinistra metralhadora Vickers-Maxim, cujo efeito era absolutamente devastador. Nos últimos dezoito meses da guerra, os boers combateram quase exclusivamente com armas que tomavam do soldados britânicos que combatiam.

Imagem do que então chamavam Comandos boer, com as suas espingardas de tiro único, excelentes para a guerra de guerrilha, algumas concebidas pelo militar português Guedes.

Para ambos os lados do conflito, o número de mortos em combate nesses quase três anos aproximou-se dos vinte mil, ou seja, perto do dobro do número total de militares portugueses mortos em 13 anos das chamadas guerras coloniais em três frentes de batalha africanas entre 1961 e 1974.

Mas o número de mortos por doença e tortura e péssimas condições foi muitíssimo mais elevado. No cômputo final, as repúblicas boer foram quase completamente destruídas e cerca de um terço de toda a população boer (civis e “militares”) pereceu nesses trinta meses de conflito.

Um terço do total da população boer morreu em dois anos e meio de conflito.

A guerra terminou com um tratado de paz que foi assinado no fim de Maio de 1902, e a inclusão das antigas repúblicas boer no que se tornou mais tarde a União Sul-Africana. Alguns boers voltaram às suas casas destruídas e tentaram refazer as suas vidas, agora como desconsolados súbditos da coroa britânica.

Com o tempo e grande habilidade, os líderes boer voltaram à cena nacional, mas isso é outra história.

Um jovem Winston Churchill fugiu do cativeiro boer através de Lourenço Marques, de onde foi para Durban, onde foi recebido como um herói. A saga foi importante para a sua carreira futura como político e estadista.

Durante todo este tempo, do outro lado da fronteira Leste e do Protectorado da Suazilândia, estavam Moçambique, Lourenço Marques, alguns portugueses e a linha de caminho de ferro que ligava a já de facto capital moçambicana à capital boer, Pretória.

O Ouro de Kruger

Alguns dos mais velhos poderão recordar-se que, em Moçambique, até aos anos 50 do século passado, falava-se no ouro de Kruger (o carismático e enigmático presidente do Transvaal.

A lenda – há até pelo menos um livro sobre ela, em português – refere que, nos últimos dias antes da ocupação de Pretória pelo exército britânico, que os boers, que dali fugiram para Leste na direcção de Lourenço Marques ao longo da linha de caminho de ferro, removeram dos cofres dos seus bancos e do tesouro nacional uma grande quantidade de ouro, que terão enterrado algures em volta da fronteira entre Moçambique e a África do Sul.

É tudo treta.

Na realidade, de acordo com as memórias do legendário líder boer Jan Smuts (em tempos era o nome dado ao aeroporto de Joanesburgo mas agora foi enfiado na gaveta pela nova África do Sul) essencialmente por causa de mau planeamento, apesar das medidas para evacuar a capital boer, uma grande quantidade de ouro permaneceu no Tesouro do Transvaal e no Banco Nacional em Pretória até ao dia 4 de Junho de 1900, o dia antes dos britânicos entrarem na capital boer (para onde, aliás, algum tempo depois a mãe do poeta Fernando Pessoa foi viver, e onde ficou até 1913).

Na manhã desse dia, apressadamente, Smuts mandou que o ouro fosse recolhido e depositado em caixas no cais da estação de caminhos de ferro de Pretória. Aí, foi colocado num comboio escoltado que ao meio dia partiu na direcção de Lourenço Marques, já sob o fogo de armas e canhões britânicos – o último comboio sob o controlo da república boer a deixar Pretória.

Exemplo dum comboio na África do Sul durante a guerra. Este estava nas mãos dos britânicos e estava assim protegido para defender o tambor com vapor sob pressão dos ataques dos boers.

Às duas horas da manhã do dia seguinte, 5 de Junho de 1900, o comboio parou na vila de Machadodorp, a meio caminho de Nelspruit (Mmmmmmbombélááá!) onde Paul Kruger, o ainda presidente boer, tinha então a sua base logística.

Uma parte do ouro foi usado logo ali para efectuar pagamentos. Segundo o diário de Meinbert Noome, um oficial boer, o resto – sessenta e duas caixas cheias de ouro – foram entregues em Lourenço Marques no dia 31 de Agosto de 1900, aos cuidados da firma alemã Wilken & Ackerman, que, em troca, creditou a conta do governo boer no estrangeiro com um crédito no contravalor, em libras, do metal que fora entregue – uma fortuna. Com este dinheiro, o que sobrou da autoridade republicana boer comprou mantimentos e apoiou muitos boers que tinham fugido da guerra.

Em Moçambique, os oficiais e administradores da antiga república boer do Transvaal instalaram-se no que fora o edifício do consulado norte-americano em Lourenço Marques e constituíram uma Proviant Commissie, que geria esses fundos e organizava e providenciava assistência aos exilados da guerra.

Uns dias depois, a 11 de Setembro de 1900, o próprio presidente Paul Kruger chegava a Lourenço Marques. Foi recebido por Gerard Pott, até então o cônsul do seu país em Lourenço Marques e também cônsul da Holanda. Após uma estadia de algumas semanas, partiu para a Europa num navio da marinha real holandesa enviado pela soberana holandesa, Guilhermina. Às oito da manhã de 24 de Setembro de 1900, o exército britânico ocupava Komatipoort, do outro lado de Ressano Garcia.

Formalmente, no entanto, a guerra ainda duraria outros oito meses.

Paul Kruger, o monumental presidente da República do Transvaal. Por ter permitido a criação de uma reserva natural na enorme língua de terra a nascente da sua república, na altura deram o seu nome ao futuro parque nacional.

E aqui chegamos à parte interessante.

De Lourenço Marques para….Peniche, Alcobaça e as Caldas da Raínha

No final de 1900, havia mais do que mil e quinhentos boers refugiados no lado português da fronteira, isto é, no Sul de Moçambique, e, desses, quase todos estavam em Lourenço Marques, empilhados uns em cima dos outros. Alguns, os mais doentes, ficaram na velha residência de Gerard Pott no centro da cidade (não confundir com os Pott Buildings, Era outra casa). Muitos morreram de doença e ferimentos na cidade.

No porto de Lourenço Marques, boers aguardam o momento para embarcar em navios para a Europa. Ao fundo pode-se ver a fachada da então fortaleza da cidade. No topo à esquerda fica o que hoje é a Praça 25 de Junho em Maputo - a antiga Praça 7 de Março.

Receosos que os boers se organizassem em território português e voltassem novamente a entrar no Transavaal e continuassem a guerra, os britânicos, que mais ou menos controlavam a cidade a partir da sua base no edifício do consulado britânico em Lourenço Marques (que ainda hoje é a embaixada daquele país ao pé da Rádio Moçambique) e segundo um relato do The New York Times datado de 7 de Março de 1901 e publicado na sua edição de 21 de Abril desse ano, baseados nas alegações de um jornalista de um dos jornais britânicos que estava então na cidade, de que os boers estariam a preparar uma contra-ofensiva a partir de território moçambicano, insistiram com as autoridades portuguesas para que os refugiados boers saissem da cidade imediatamente– mas não de volta para o Transvaal, onde ainda decorria a guerra.

Gravura da época de boers a discutir as notícias num quiosque de Lourenço Marques, durante a guerra.

Entre os refugiados encontravam-se centenas de militares boers, de que se destacava um tal General Pienaar, que estava acompanhado pela sua família (sobre ele, ver mais abaixo).

Em parte com a ajuda do dinheiro acumulado dos boers com a venda do ouro, uma solução foi encontrada.

Eles iriam para Portugal.

Em navios da marinha real portuguesa.

Os Boers em Portugal

Diz o relato do Sr. George van den Hurk:

Depois da captura britânica da linha de caminho de ferro Pretória-Komatipoort, um número considerável de Boers, alguns com as suas famílias, procuraram refúgio naquele que era, então, o território português neutro de Moçambique. Tratava-se de algo especialmente necessário para os homens que tinham sido rebeldes do Cabo, uma vez que eram frequentemente mortos pelos soldados britânicos após a sua captura. Chegou a constar que alguns deles tinham voltado a atravessar a fronteira em Lourenço Marques para combaterem os ingleses quando e como lhes conviesse. A Grã-Bretanha pressionou Portugal para lidar com esta ameaça; o resultado foi a transferência dos refugiados Boer para Portugal, onde ficaram alojados nos chamados campos abertos para prisioneiros de guerra e internados civis.


A edição do The New York Times de 14 de Março de 1901 reportava que, no dia anterior, em Portugal, estavam a ser feitos preparativos no porto de Lisboa, para acolher os refugiados boers que eram ali esperados dentro de dias.

Continua van den Hurk:

No dia 27 de Março de 1901, o General Pienaar, oito dos seus oficiais de campo e cerca de 650 soldados, chegaram a Lisboa no navio “Benguela”. Uma semana mais tarde chegava o “Zaire”, trazendo o Comandante H.P. Mostert, juntamente com três membros da sua família e um grupo de 56 mulheres e 172 crianças. [o remanescente, segundo o New York Times, dos refugiados boers em Lourenço Marques]. No dia seguinte, a corveta portuguesa “Afonso de Albuquerque” desembarcava mais dez Boers.

Ao todo, 1260 adultos e 173 crianças chegaram a Lisboa para detenção sob custódia.

(De notar que nas suas memórias da guerra, escritas num campo de prisioneiros na Ilha de Santa Helena pelo mais credível General Ben Viljoen, no capítulo 22 do seu livro, ele às tantas refere, ao relatar a retirada boer já na região entre Nelspruit e Ressano Garcia: um tal Pienaar, que se arrogou o título de general quando entrou em território português, fugiu pela fronteira com cerca de 800 homens. Contudo, estes homens foram desarmados e enviados para Lisboa. Claramente, Viljoen não estava tão impressionado com Pienaar como aparentemente estavam os portugueses. É preciso ainda referir que naquela altura o título de “general” era utilizado com enorme liberalismo.

A corveta Afonso de Albuquerque, da marinha real portuguesa.

Talvez ainda resquícios do traumatizante Ultimato britânico de 11 de Janeiro de 1890, segundo o The New York Times de 1 de Abril de 1901, os boers foram recebidos à sua chegada a Lisboa por uma grande e jubilante multidão portuguesa, gritando ovações e tratando os refugiados como verdadeiros heróis, em quase total contraste com (continua o relato) a sobranceria com que foi tratada a delegação britânica liderada por Lord Carringto, que se deslocara a Lisboa na mesma altura para formalmente notificar o rei D. Carlos da morte da rainha Vitória e da sucessão ao trono pelo seu filho, o futuro Eduardo VII.

Filheto em língua portuguesa, alusivo aos boers. Este encontrei nos arquivos electrónicos do Pacheco Pereira. Se o exmo. Leitor quiser ler, prima duas vezes na imagem. Pelo que referem os poemas, percebe-se facilmente de que lado do conflito estavam os seus autores.

Diz ainda van den Hurk:

À sua chegada, foram alojados em Peniche, onde 380 homens foram acomodados num velho forte; em Alcobaça, 376 homens ficaram alojados num mosteiro e, nas Caldas da Rainha, 320 homens, mulheres e crianças foram realojados. As famílias que tinham outras possibilidades económicas tiveram a oportunidade de alugar casas na vizinhança. Adicionalmente, pequenos grupos ficaram em Abrantes, Tomar e S. Julião da Barra.

A todo o tempo era permitida a liberdade de movimento entre os campos, bem como a troca de alojamento, se desejado. Os Boers eram vistos como prisioneiros de guerra, mas não eram guardados, nem confinados aos seus campos, embora tivessem de se apresentar duas vezes por dia aos seus guardas.

O primeiro jogo de Râguebi em Portugal

Um curioso e curto trabalho (oito páginas) escrito por Floris van den Merwe sobre a prática do râguebi durante a guerra anglo-boer contém um curioso relato sobre os refugiados boers em Portugal. Cita do livro “Os Boers em Portugal”, escrito por Darius de Klerk (terá sido publicado em 1985, mas que não consegui encontrar) o seguinte, na sua página 38:

O futebol (referendo-se ao râguebi) era completamente desconhecido em Portugal nesses dias, pelo menos nas províncias. O público em Alcobaça gostava de ver os boers a jogar este novo tipo de jogo, mas as suas regras deixaram-nos confusos durante muito, muito tempo.

E na página 48 :

Quando os boers chegaram, o parque nas Caldas da Rainha era pouco mais que um terreno desolado, por isso em breve eles começaram a utilizá-lo para jogar algum tipo de jogo com a bola. Naturalmente, os locais nunca tinham ouvido falar de râguebi nesses dias.

Após a assinatura do tratado que findou a guerra em 31 de Maio de 1902, os prisioneiros e refugiados boers foram autorizados pelos britânicos a regressar à sua terra natal., tendo tal ocorrido durante o verão, até final de Agosto de 1902.

O London Times de 21 de Julho de 1902 reportou que no dia 19 de Julho, após se reunirem em Lisboa, vindos dos vários pontos de acolhimento, cerca de 900 boers, embarcaram no navio Bavarian, que saíu em direcção à Cidade do Cabo cerca das 18 horas.

No verão de 1902, o Bavarian, no fotografia acima, levou a maioria dos refugiados boers de Portugal para a Cidade do Cabo.

Ainda hoje, no cemitério de St. George, em Lisboa, existe um pequeno monumento, inaugurado em 1913, em memória dos refugiados boers que morreram em Portugal durante esse período de exílio português.

Uma rara fotografia, com data de 1901, da "Escola dos Refugiados Boers das Caldas da Rainha". Foto dos Arquivos Nacionais da Holanda. Para ver a foto com maior tamanho, prima com o rato na fotografia e depois outra vez.

19 comentários »

  1. este tempo de que fala tem a ver com um tempo que medeia entre a industrialização da europa e a segunda guerra mundial e tem haver com um povo que nesse tempo habita o POTTRUHR, da nascente á foz do reno em partes da belgica e da alsacia/lorena e que se dedica á agricultura, que levou á criação do grande estado de bismark(Standard/formato), para poderem manter a vida da agricultura optam por se deslocar nesse tempo para a africa do sul para as terras da companhia das indias holandesas esta companhia utilizava militares Suiços, franceses, gregos, etc estes militares tiveram filhos.
    Com as dificuldades com os ingleses foi firmada uma grande aliança “africana” que permitiu o estabelicimento junto aos territorios zulus até ao Mfumo, dessa aliança nasceram filhos.
    Cecil queria correr com os mestiços portugueses de africa aos agricultores interessava ter um Pais neutro(fora da grande germania que inclui a inglaterra) defendendo os seus interesses e seus filhos na zona.
    as tropas sul africanas eram compostas por soldados de todas as etnias da grande aliança umas combatiam no terreno outras efectuavam o municiamento e aprovisionamento atraves do porto.
    essa batalha terminou com a integração dos interesses idiologicos ingleses em 1907 e nasceu a shell.
    a guerra continuou até á criação da UE(subsidios á agricultura e ingresso na moeda unica adesão da hungria).

    Só existe um edificio Pott em Moçambique (e pertecia ás mulheres) a casa aonde o velho Pott morava oficialmente era no Jardim, Depois museu, hoje tribunal (penso eu) ele mandou contruir outros a arquitetos holandeses e alemães mas foram sendo destruidos depois da morte dele.

    O Presidente Kruguer foi um grande Homem e faleceu junto dos amigos na Suiça, o kaizer foi prá holanda, o, rei Portugues pra inglaterra e o Mouzinho de Albuquerque morreu.

    O churchill fugiu e o velho pediu que o não matassem ainda beberam muitos chazinhos juntos.
    Se ouve ouro na alemanha ou em Portugal com as guerras já nao á e mesmo que ouvesse quem poderia levanta-lo, o Gungunhana ou á algum modo de identificaçãou um selo talvez?

    A estupidez “salazarista” só fez com que os portugueses fossem corridos de africa toda.

    Gostar

    Comentar por Pott.Fraga — 16/10/2010 @ 8:58 am

  2. …tudo isto para me dizeres que a minha Carla não tarda e dá-me um genro arraçado de boer! tss tsss…. 🙂

    ora bem: como te disse, um dos inúmeros livros que há por aqui e nunca li tem por título (o motus da compra, certamente…) “Portugal e a guerra Anglo-Boer – política externa e opinião pública (1899-1902)”, Edições Cosmos, 1998, e trata da solificação em tijolo legível da tese de mestrado do sr. Fernando Costa, apresentada em 95 na Faculdade de… deixa pra lá: a cena dele. hoje fui folheá-lo – que nem pensar em ler 300 e tal páginas se o destino é vir a ter na família mais um afro-saudosista por herança genética! que se lixe, e se calhar apanharmos uma bezana com amarula será mais divertido que com aguardente de medronho ou quejandas! – mas, neste folhear apressado e incapaz de me concentrar pois a vontade é pegar no carro e marchar para as Caldas e em força, ainda nada encontrei sobre as 1.433 alminhas que vieram conhecer como o frio europeu é bom prós ossos 😦 ainda, que prometo ir cuscar melhor. melhor? passo-te a tarefa, empresto-to ehehe 🙂

    sobre a guerra anglo-boer, não específicos mas contemplando-a com alguma minúcia, lembro-me do recente “Um arco-íris na noite”, Dominique Lapierre, Planeta, 2009, e o fascinante romance histórico de 1980 de James A. Michener “O Pacto”, em 2 bons volumes editados pela Europa-América.

    mas tudo isto são nuvenzitas que não me distraem do fundamental: boers nas Caldas, é? hummmm…. ó Carlaaaaa!! :-X :-X

    Gostar

    Comentar por cg — 16/10/2010 @ 1:44 pm

  3. nearly 2000 prominent men and women – Jeppestown Press – [ Traduzir esta página ]
    King’s African Rifles KING-HARMAN, Sir Charles Anthony, KIPLING, Rudyard, … LOWTHER, Gerard Augustus, Luangwa LUDLOW, Frederick, LUEBECK, Martin, Lugard, Brig. …. Portuguese East Africa Potchefstroom POTT, William, POTTS, George, …
    http://www.jeppestown.com/…/content.html – Em cache – Semelhante

    Gostar

    Comentar por Pott.Fraga — 16/10/2010 @ 5:11 pm

  4. Potchefstroom (Pot chef stroom, traduzir em holandes)uma cidade universitaria na Africa do sul. fico muito contente por sua filha conseguir aceder a uma nacionalidade do centro da europa(não vá isto dar pro torto a realidade é que Portugueses em africa só com visto dos Santos) graças a deus posso aspirar a aceder com mais ou menos trabalho a grande parte delas no Mundo (POTT):-)mas tambem sei que existem imensos Fragas principalmente na America Latina e Eua pode ser que depois com o obama obtenham papeis;-). mas eu continuo na minha a unica que interessava era a Xangana, mas eu não estudei e nem li nada sobre isso só sei o que a minha avó me contou que viu e o que a mãe as tias a sogra o marido lhe contaram a elaprincipalmente de Changanas e Rongas os agricultores das caldas não sei.

    Gostar

    Comentar por Pott.Fraga — 16/10/2010 @ 6:04 pm

  5. mundo Pott inclui o do Harry Potter.

    Gostar

    Comentar por Pott.Fraga — 16/10/2010 @ 6:07 pm

  6. Sr P Fraga

    Não sei ao que se refere quando menciona o Herzog. 1. Kruger era Boer e como tal não podia ser “repatriado” num barco. O seu país não tem portos. Quando muito ia a pé, de cavalo ou de comboio. 2. Se se refere à sua saída via Lourenço Marques em Outubro de 1900 por instrução do Volksrad em Pretória para uma viagem de propaganda na Europa em busca de apoio para a causa do seu país, ele viajou num navio da marinha de guerra holandesa disponibilizado pela rainha da Holanda. O navio primeiro desembarcou em Marselha. Estes factos estão abundantemente documentados.

    Gostar

    Comentar por ABM — 17/10/2010 @ 12:32 pm

  7. isso já eu sabia.

    Gostar

    Comentar por Pott.Fraga — 17/10/2010 @ 2:40 pm

  8. Muito obg pela foto do duque(herzog ou her T zog) um navio de passageiros (diplomacia) contruido na alemanha com peças vindas dos estados unidos(fundação pott)com interiores, salva vidas (willian pot ) ao serviço da casa de orange(a holandesa)voce não é maçon pois não.
    ao serviço da carreira das indias. ver as escalas e portos do herzog.

    Gostar

    Comentar por Pott.Fraga — 17/10/2010 @ 2:59 pm

  9. FUNDAÇÂO-POTT-UNIVERSIDADE

    Gostar

    Comentar por Pott.Fraga — 17/10/2010 @ 3:27 pm

  10. Her T zog, em Holandes, sua acordar, despertar.
    Her T zog, em africaans, Sua sequencia t
    Hertzog a espada do duque dá sequencia
    T machado
    t crux espada
    her altesa o duque de espadas
    General hertzog
    navio Herzog

    Gostar

    Comentar por Pott.Fraga — 17/10/2010 @ 11:51 pm

  11. Resultados da procuraO MAR DO POETA: CNN – COMPANHIA NACIONAL DE NAVEGAÇÃO
    9 abr. 2009 … Navio Beira (2) – Ex-Herzog, foi construído no ano de 1896, comprado em 1911 pela (CNN) ….. em 1927 foi comprado pela Companhia Assucar de Angola, ….. Navio Guiné, a foto parece ser dum navio da Companhia Colonial de …
    cambetabangkokmacau.blogspot.com/…/companhia-nacional-de-navegacao-cnn.html –

    Gostar

    Comentar por Pott.Fraga — 17/10/2010 @ 11:51 pm

  12. jack in the Pot

    Gostar

    Comentar por Pott.Fraga — 18/10/2010 @ 12:33 am

  13. The Pinnacle

    Gostar

    Comentar por Pott.Fraga — 18/10/2010 @ 1:34 am

  14. Mapa do Mundo, África do Su,l Mpumalanga, Sabie

    Gostar

    Comentar por Pott.Fraga — 18/10/2010 @ 4:32 pm

  15. SO UMA ACHEGA, EU FUI CASADO COM UMA SUL-AFRICANA, FILHA DE UMA BOER MRS.PAUL VERCUEILLE,QUE ERAM ORIGINALMENTE VIZINHOS DE JAN SMUTHS QUE FOI PRESIDENTE DA AFRICA DO SUL E ESTEVE EM LM, EM 1945 OU 1946,DEPOIS DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL.
    SENTADO NO PASSEIO VI PASSAR O GRANDE ESTADISTA, NUM CARRO DESCAPOTAVEL NA 24 DE JULHO, NA ESQUINA PARA O HOTEL POLANA.(DEVIA TER 13 OU 14 ANOS)
    MRS PAUL, UMA BOER DE SANGUE E CORACAO ERA AMIGA INTIMA, DE UMA MRS POTT, NOSSOS AMIGOS E VIZIUNHOS NA CARREIRA DO TIRO.DAVAM-SE MUITO BEM SEM O MINIMO PROBLEMA OU CONSTRAGIMENTO.
    COM ELA APRENDEUA COZINHAR E HOJE A MINHA EX MULHER ENSINA A FILHA EM OEIRAS A FAZER OS CELEBRES CARIS DE CARANGUEIJOS QUE SO EM MOCAMBQUE SE FAZIAM E A MRS POTS, FILHA OU NETA DO VELHO POTTS,E GRANDE AMIGA DE UMA BOER ( FOI CAMPEA DE TENIS DA AFRICA DO SUL 1924/25) ISSO NAO SEI MAS E DA MINHA MOCIDADE E AQUI FICA REGISTADO.
    UM ABRACO.
    ADRIANO A.A.SILVA GRACA MOB +966050361316

    Gostar

    Comentar por Adriano Silva Graca — 02/04/2011 @ 9:51 am

  16. Os holandeses ou se preferir neerlandeses ocuparam o nordeste brasileiro por 25 anos e pra ca vieram cerca de 80 mil holandeses quando essa regiao tinha pouco de 1 milhao de pessoas. Entre negros, portugueses, indios e todas as misturas. O governo holandes investiu na estrutura fundou recife, natal e joao pessoa.
    A escravidao com os portugueses durou mais sem anos. Nao entendo os portugueses

    Gostar

    Comentar por Ismael pizzi — 26/07/2012 @ 10:21 pm

    • sr Pizi, não entendo o seu comentário. ABM

      Gostar

      Comentar por ABM — 27/07/2012 @ 2:08 am

    • Sr. Pizzi, só por ignorância pode colocar um comentário desses, pois se para abolir a escratura (oficialmente) Portugal demorou mais tempo, na África do Sul, pátria dos boers descendentes na sua maioria dos Holandeses, o Apartheid, ou seja a obrigação legal das raças viverem separadas (cada raça tinha os seus bairros) e a proíbição inclusíve de manterem relações sexuais e casarem-se…. manteve-se até 1994!!!! Consultar: (https://pt.wikipedia.org/wiki/Apartheid ). Não diga asneiras e se não sabe cale-se. Nos Estados Unidos da América o Apartheid só desapareceu efectiva e progressivamente nos anos 60. Consultar: https://pt.wikipedia.org/wiki/Segrega%C3%A7%C3%A3o_racial_nos_Estados_Unidos

      Gostar

      Comentar por José Carlos — 30/06/2017 @ 4:36 pm

  17. Achei interessante a pesquisa.Agradeço o conhecimento que me proporcionou sobre esta parte da História de África; só conhecia uma parte do Grande Treck dos Boers e da sua fixação na Humpata, no Sul de Angola, a partir de 1880, tendo a maior parte das famílias (salvo erro 55 famílias, num total de 300 pessoas) regressado para a África do Sul após a chegada dos colonos madeirenses (1885 – 1889) ao planalto da Huíla. Em 1928, só existiam 8 famílias boers na planalto da Humpata (Palanca e Neves).
    H.V.

    Gostar

    Comentar por Henrique Freitas Vieira — 13/10/2012 @ 3:27 pm


RSS feed for comments on this post. TrackBack URI

Deixe um comentário

Site no WordPress.com.